Como incluir travestis e transexuais no universo do trabalho?

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel P rBrazil)

As informações estão cada vez mais acessíveis, o conhecimento mais abrangente e a conscientização tem aumentado, mas ainda existem muitos gargalos quando o assunto é a população trans no mercado de trabalho.

Mesmo sendo altamente qualificadas, o preconceito e a discriminação são grandes entraves para que essas pessoas consigam ocupar seu espaço profissional com dignidade.

Reflexo desse cenário é percebido pelos altos números de agressões e crimes motivados por transfobia no Brasil.

Para exemplificar a gravidade do problema, entre 2008 e 2016, 868 pessoas transexuais foram mortas vítimas de violência no país, de acordo com a organização Transgender Europe, dado que coloca o Brasil como a nação que mais mata transexuais no mundo.

O medo os leva a ter comportamentos que são refletidos no mercado de trabalho, principalmente na falta de representação desses grupos nas empresas.

Grande parte da comunidade LGBTQIA+ esconde a sua sexualidade — ou questões relacionadas a ela — no ambiente corporativo por receio da rejeição e discriminação.

No entanto, para grupos como gays e lésbicas a situação é bem diferente quando comparada à de transexuais e travestis, uma vez que a identificação desses últimos parte do reconhecimento de seus corpos e sua identidade.

Nesse sentido, o RH deve agir como um agente facilitador para a entrada e a inclusão, além de garantir o bem-estar dessas pessoas nas empresas.

29 de janeiro — Dia da Visibilidade Trans

No Brasil, o dia 29 de janeiro foi escolhido como o Dia da Visibilidade Trans. A data foi escolhida porque, nesse dia, foi publicada a campanha “Travesti e Respeito”, do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, em 2004.

Vale mencionar que o termo “trans” é uma abreviação de “transgênero”, ou seja, corresponde às pessoas que não se identificam com o gênero atribuído a elas quando nasceram.

A data, portanto, visa promover algumas reflexões e o diálogo sobre a cidadania de pessoas transexuais e travestis, além das não binárias — aquelas que não se reconhecem nem como mulheres e nem mulheres.

Já é possível observar um certo avanço em relação à visibilidade e ao reconhecimento dos direitos das pessoas trans, mas o cenário ainda está longe de ser o ideal. Questões básicas, como direito à identidade, à vida e ao autorreconhecimento, ainda não negligenciadas.

Em razão da trasfobia, travestis e mulheres trans só encontram oportunidade de trabalho no mercado informal, majoritariamente na prostituição.

Cabe ao Estado promover políticas públicas para reverter esse quadro, mas as empresas privadas podem aproveitar esse gargalo e fazer grandes mudanças.

Uma das medidas mais importantes que podem ser sugeridas pelos profissionais de RH para promover a inclusão de pessoas trans é criar ações afirmativas dentro da empresa.

Por exemplo, a oferta de planos de saúde que proporcionem tratamentos especializados nas demandas desse público, por exemplo as terapias de hormônios que fazem parte do processo de transição. Assim, as pessoas trans terão a oportunidade de usufruir dos convênios de forma direcionada.

Outras maneiras de apoiar e investir nesse tipo de inclusão é facilitar o processo de transição de transgêneros no que diz respeito à mudança na documentação pessoal.

Além disso, claro, permitir que utilizem a vestimenta que fizer mais sentido para o seu gênero, especialmente nos casos em que a empresa fornecer uniformes para os colaboradores.

O RH, a partir de conversas com os colaboradores, deve elaborar um código de cultura que tenha em suas raízes a questão da inclusão com muita clareza, para que o discurso se sustente e seja mesmo empregado no dia a dia da organização

Edição:CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: Tangerino/Internet
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