CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel – Pr – Brazil)
Para o segmento, haveria um aumento significativo de receita; para as pessoas, melhora da autoestima e do sentimento de pertencimento – Rio de Janeiro – 06/04/2023 06h01 Atualizado há 4 meses
“Será que eu consigo fazer essa viagem? As acomodações serão acessíveis? Minhas restrições alimentares serão respeitadas?”.
Questões desse tipo podem afligir cerca de 20% dos habitantes do planeta que, segundo a Organização Mundial da Saúde, têm algum tipo de doença crônica: diabetes, problemas cardíacos, câncer ou distúrbios mentais.
Além disso, o envelhecimento da população mundial traz desafios, como limitações físicas ou situações de declínio cognitivo, e diagnósticos de ansiedade e depressão têm sido cada vez mais frequentes.
No final das contas, as dificuldades inviabilizam a oportunidade de conhecer novos lugares, povos e costumes.
Se o setor de turismo se dispusesse a abraçar a causa desse enorme contingente, o resultado seria benéfico para todos. Para o segmento, um aumento significativo de receita e consumidores fiéis; para as pessoas, melhora do sentimento de pertencimento e autoestima.
Foi com base nessa premissa que pesquisadores de diferentes áreas da Edith Cowan University (Austrália) – direito, negócios e medicina de precisão – criaram o conceito da “terapia de viagem” (“travel therapy”), no qual o turismo passa a ser encarado como um meio de melhorar o bem-estar e a saúde mental. Para o professor Jun Wen, a indústria turística deveria se engajar em garantir o suporte necessário para que pessoas física ou mentalmente vulneráveis se sentissem acolhidas:
“Boa parte até consegue viajar, mas há momentos nos quais as vulnerabilidades ficam expostas e demandam cuidados extras.
Trata-se de um mercado importante e ignorado”
.
De acordo com o estudo, publicado no “International Journal of Contemporary Hospitality Management”, diversas iniciativas ajudariam a tornar o setor mais inclusivo, passando por acomodações, alimentação, transporte, entretenimento, sempre considerando a possibilidade de esses viajantes dependerem de um cuidador.
Wen afirma que educação e conscientização são fundamentais:
“é preciso treinar a mão de obra e criar manuais padronizados que atendam às necessidades de pessoas com algum tipo de limitação.
Há também espaço para a criação de produtos turísticos para segmentos específicos, como indivíduos portadores de distúrbios como ansiedade e até demência”.
Edição: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: G-1/Internet