Gilson de Souza DANIEL
Uma pesquisa divulgada neste ano pela farmacêutica Sanofi revelou que pessoas com deficiência e LGBTQIA+ são os grupos que mais desconfiam do sistema de saúde no Brasil.
De acordo com o estudo, nove em cada dez usuários desses grupos tiveram a confiança no atendimento médico abalada. A média entre os brasileiros em geral também é alta, com 80% relatando experiências negativas.
O levantamento ouviu 2.270 pessoas.
Jhenny Silva, de 30 anos, é uma das pessoas que relataram desconfiança no sistema de saúde. Moradora de Esmeraldas (MG), ela passou quatro anos reunindo coragem para buscar tratamento contra depressão e ansiedade. O medo de não ser bem recebida por profissionais era uma barreira. Somente neste ano, após conversar com a mãe, decidiu procurar o serviço público de saúde, mas não foi atendida.
“Cheguei na recepção, um espaço que não tinha nem 16 metros quadrados. A coordenadora entrou na sala, passou os olhos e ignorou minha presença. Virou de costas e saiu”, relata Silva.
Silva é uma mulher transexual e acredita que a situação não se resume apenas a preconceito. “Talvez ela estivesse em um dia ruim. Às vezes é falta de informação.” No entanto, no estado vulnerável em que estava, sentiu-se negligenciada e decidiu ir embora. Posteriormente, com a ajuda de uma amiga, conseguiu atendimento.
A pesquisa da Sanofi foi realizada em cinco países, incluindo o Brasil, e teve como objetivo entender a relação de grupos minorizados com o sistema de saúde. Foram aplicados questionários online na França, Estados Unidos, Japão, Reino Unido e Brasil, contando com a participação de mais de 12 mil pessoas no total.
O estudo faz parte da iniciativa 1 Milhão de Diálogos, que tem um financiamento de 50 milhões de euros (equivalente a R$ 264,5 milhões) até 2030. O objetivo da iniciativa é promover o diálogo e utilizar a influência da empresa para gestar políticas públicas.
Neila Lopes, chefe de diversidade e cultura da Sanofi, explica que a inclusão do Brasil no estudo não se deve apenas ao tamanho do mercado, mas também à importância de compreender a realidade desses grupos no país.
Edição:Gilson de Souza DANIEL
Fonte: Folha de SãoPaulo/Internet