Sentimos a música através da vibração, diz dançarino surdo

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel Pr Brazil)

Grupo de deficientes auditivos de Joinville dançou coreografia de hip hop.
Ações de acessibilidade foram ampliadas e este ano cegos terão intérprete.

Um tablado de madeira e boa vontade é tudo que um surdo precisa para dançar, conforme Ruth Souza, intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) do Festival de Dança de Joinville.

Este ano, ela conta que pela primeira vez um grupo de deficientes auditivos dançou uma coreografia de hip hop como parte das ações do evento.

Além disso, outras propostas de acessibilidade foram incluídas, como a contratação de um intérprete para cegos.

Eduardo e Ruth fazem os gestos que significam ‘Festival de Dança de Joinville’ em Libras
Eduardo e Ruth fazem os gestos que significam
‘Festival de Dança de Joinville’ em Libras

Eduardo Tanaka é de Curitiba (PR), onde atua como professor de Libras.

Ele nasceu ouvinte, mas aos seis meses teve meningite e ficou surdo.

Desde então, aprendeu a se comunicar de diversas formas. Além de Libras, faz leitura labial e sussurra palavras facilmente compreendidas.

Ele foi um dos surdos que caiu na dança e integrou a coreografia de hip hop montada em Joinville. Segundo ele, é pela vibração do chão que eles conseguem acompanhar o ritmo.

“Para quem assiste, nem percebe que eles são surdos.

Eles têm uma sensibilidade aguçada e um aspecto visual muito mais preciso que o nosso. Nem precisam da música, como nós precisamos”, explicou Ruth.

Acessibilidade
Segundo a intérprete, que fundou em Joinville um instituto para surdos, o IJAS, a estimativa é que pelo menos dois mil surdos acompanham o Festival de Dança, mas as ações de acessibilidade são recentes.

“O Festival tem 32 anos, mas somente há quatro há o papel do intérprete de Libras. Nos primeiros anos, ainda, eu ficava em um cantinho do palco e os surdos ficavam perdidos, porque quem estava longe não tinha como acompanhar”, comentou.

Este ano, uma cabine foi montada ao lado do palco e a imagem de Ruth é projetada em um telão. “Isso sim é acessibilidade. Não importa onde o surdo estiver, ele vai acompanhar”, completa.

Ruth e Eduardo também ajudaram a incrementar ações de acessibilidade na página do Festival de Dança e criaram os gestos em Libras que significam o nome do Festival. “Há dois mil surdos só em Joinville e 184 mil em Santa Catarina. É um número expressivo, que a maioria não imagina. E eles amam dança, por isso é preciso pensar nesse público”, comentou Ruth.

O presidente do Instituto Festival de Dança, Ely Diniz da Silva Filho, destacou as ações de acessibilidade como um dos principais investimentos deste ano.

Segundo ele, na Noite de Gala, uma intérprete para cegos, especialista na área, fará a narração do que vai ocorrer no palco. Além disso, também foram melhorados os espaços para acesso de cadeirantes.

Edição: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: G1/Internet

Coletes táteis ajudam pessoas surdas a sentirem música em shows

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel Pr Brazil)

Em um recente concerto de música clássica no Lincoln Center, em Nova York, nos EUA, várias pessoas da plateia vestiram esses coletes sem fio.

Durante a “Semana das Artes Coreanas”, a startup forneceu 75 coletes para o público experimentar a música folclórica coreana e a Ópera nº 2 de Mozart.

O nome do dispositivo é “Vibrotextile”, já foi usado em outras oportunidades e está sendo testado em shows.

Os coletes não se limitam a um tipo de música.

Os usuários podem ajustar os pontos de vibração para se adaptar ao ambiente do espetáculo, desde o rock até a música clássica — ou mesmo a eletrônica. O artista brasileiro Daniel Belquer atua no projeto dos coletes.

A solução “imita” a música no palco, permitindo que pessoas com deficiência auditiva a experimentem por meio do toque. O colete tem pontos de contato que criam vibrações sincronizadas com a música. As pessoas sentem o som de cada instrumento em diferentes partes do corpo.

Cada colete tem 24 pontos de toque separados, o que significa que cada colete pode transmitir até 24 instrumentos. A tecnologia permite que o público sinta o som de até grandes partituras orquestrais diretamente na pele.

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: Saiba mais no link: https://gizmodo.uol.com.br/coletes-tateis-tecnologia-ajuda-pessoas-surdas-a-sentir-musica-em-shows/

Ouvintismo e o preconceito contra as pessoas surdas

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel Pr Brazil)

Infelizmente, o preconceito ainda é uma concepção muito presente no nosso dia a dia. Ele existe de várias formas, oprimindo e ofendendo diversos grupos, como as mulheres, pessoas negras, membros da comunidade LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência e por aí vai.

Hoje, vamos te explicar um pouquinho mais sobre o preconceito contra as pessoas surdas, também conhecido como ouvintismo ou também audismo, porém o primeiro termo é o mais utilizado

Se antes de continuar a leitura você queira conhecer mais sobre a comunidade surda, separamos 5 fatos que você deveria saber sobre ela, para começar a desconstruir alguns preconceitos que talvez você nem imaginava que tivesse.

Afinal, o que é ouvintismo?

Para entender o conceito de ouvintismo, precisamos partir da noção de que o mundo foi construído por e para pessoas ouvintes. Nesse cenário, é como se pessoas surdas e com deficiências auditivas não fossem consideradas por suas identidades, como se enxergam dentro da comunidade, e sim entendidas como “não-ouvintes”.

É como se elas estivessem erradas ou fossem inferiores por não ouvirem. O ouvintismo entende o mundo a partir da percepção da pessoa ouvinte, e de como ela encara as situações e ambientes ao seu redor.

Nessa lógica, a pessoa surda é o elemento que não se encaixa, que está fora do padrão socialmente aceito.

Sendo assim, precisam a qualquer custo se tornarem ouvintes em potencial, passando pelo processo da oralização, aprendendo leitura labial e se adequando à comunicação oral.

Ser ouvinte passou a ser sinônimo de ser normal. Esse padrão que temos na sociedade hoje, faz com que muitas pessoas com deficiência auditiva sejam negadas de se perceberem e se afirmarem positivamente como parte da comunidade surda.

Essa construção sociocultural acaba criando um ambiente muito difícil de exclusão, rejeição e invisibilidade das pessoas surdas. Inclusive, o ouvintismo chega até a privá-las da sua língua, que é um pedaço gigantesco da sua identidade e cultura.

Entendendo sobre o privilégio ouvinte

Você sabia que as Línguas de Sinais, na sua maioria usadas pela comunidade surda para se comunicar, foram proibidas em 1880? Esse é só um exemplo de várias das privações linguísticas que as pessoas surdas sofrem no dia a dia. Pensando nisso, é nítido que as pessoas ouvintes vão usufruir de mais privilégios, já que não possuem tantas barreiras para enfrentar o tempo inteiro.

Um bom exemplo para você entender como esses privilégios funcionam na realidade, é a prática de cripface.

Esse termo surgiu nos Estados Unidos, unindo as palavras crippled (deficiente) e face (rosto).

Ele é muito presente na indústria audiovisual e do entretenimento, quando atores sem deficiência interpretam personagens com deficiência.

Isso é um grande problema, porque acaba retratando as pessoas dessa comunidade de forma ofensiva e capacitista. Além do que, o próprio fato de não contratar atores com deficiências para essas produções já é um ato capacitista em si, porque é baseado na ideia de que eles não são capazes de dar conta desse tipo de trabalho.

São inúmeras as vezes em que pessoas ouvintes ocupam indevidamente os espaços das pessoas surdas, principalmente no ambiente de trabalho. Em lugares em que a oferta de emprego já não é grande, elas ainda são prejudicadas a favor do privilégio ouvinte.

Um dos casos mais frequentes acontece para vagas de intérpretes ou professores de Libras (Língua Brasileira de Sinais). As organizações preferem contratar pessoas ouvintes, porque acreditam que elas vão conseguir se comunicar melhor com o restante do público, também ouvinte. Elas fazem isso ao invés de escolher pessoas surdas, que muitas vezes têm sua cultura e identidades baseadas na Libras.

Recentemente, também veio à tona a expressão deaf money, mas o que isso significa? Assim como com tantos outros grupos, as empresas se aproveitam das pessoas surdas para lucrar em cima delas, sem realmente estarem preocupadas com as causas defendidas por essa comunidade.

É muito comum, por exemplo, encontrarmos cursos de Libras oferecidos por pessoas ouvintes, com a promessa de fluência no idioma em tempo recorde, e ainda cobrando preços abusivos. As pessoas por trás de ações desse tipo apenas usam as pessoas surdas como estratégia para ganhar dinheiro e fama, sem estarem envolvidas com a comunidade, ou a apoiarem.

Por conta disso, foi criado o lema “Nada sobre nós, sem nós”, que defende a presença das pessoas surdas e com outras deficiências nos espaços que pertencem à elas. Se estamos tratando de algo sobre elas, por que excluí-las?

As situações em que observamos o privilégio ouvinte são bastante frequentes. Ainda, as dificuldades de comunicação para pessoas surdas se tornam praticamente inevitáveis em um mundo que só aceita ser ouvinte.

Acontece quando uma pessoa surda, que se comunica principalmente em Libras, precisa ir ao hospital, à delegacia, a uma loja, à escola, ou até em rodoviárias e aeroportos, em que os anúncios são normalmente apenas sonoros.

Você percebe como o privilégio ouvinte pode tirar a liberdade e autonomia de quem faz parte da comunidade surda?

O preconceito linguístico sofrido pelas pessoas surdas

Bom, a ideia de preconceito você já conhece, mas sabe dizer no que consiste o preconceito linguístico? Basicamente, é uma forma de discriminação social pautada em julgar as pessoas pelo jeito como elas se comunicam.

Isso pode acontecer tanto pela outra pessoa usar termos que você acha que são errados ou indevidos, por ela não dominar bem o idioma em que está falando, ou simplesmente por se comunicar em outra língua diferente da sua.

Por exemplo, dentro do Brasil, pessoas nordestinas costumam sofrer muito com esse tipo de preconceito. Elas são xingadas e ofendidas apenas por possuírem um sotaque marcante e linguagem diferente do resto do país.

Esse também é um fenômeno que acontece bastante com pessoas surdas sinalizantes, que no Brasil, falam principalmente Libras.

Como elas não dominam bem o português, são vistas como inferiores, incompletas, incompetentes, burras, e tantas outras noções negativas que nascem desse preconceito.

Ainda, as pessoas surdas, e também pessoas com outras deficiências, sofrem do capacitismo linguístico.

Isso acontece quando as pessoas usam jargões ou ditados capacitistas, que funcionam quase como gírias.

Essas expressões vão ganhando popularidade dentro da sociedade, mesmo que às vezes as pessoas não entendam bem o significado por trás das palavras, e usem esses termos sem muita consciência.
Será que o que eu estou falando é capacitista?

Esse tipo de linguagem capacitista incentiva uma cultura de exclusão que só se fortalece. Mais uma vez, percebemos os reflexos da cultura de ouvintismo em que vivemos, inferiorizando as pessoas surdas.

Para garantir que a gente não continue repetindo esses termos preconceituosos, separamos algumas expressões capacitistas que você não deve nunca mais usar:

Conversa de surdos: normalmente, essa expressão é usada quando as pessoas que estão conversando não conseguem se entender.

Então vamos reforçar, as pessoas surdas conseguem se comunicar muito bem.

A única diferença é que fazem isso em uma língua que não é muito aceita pelas pessoas ouvintes.

Se fazer de surdo: quando alguém ouve algo, e prefere ignorar ou não dar atenção a essa informação, as pessoas dizem que ele está se “fazendo de surdo”.

Isso só mostra o preconceito contra as pessoas surdas, que têm sua deficiência auditiva associada a ignorância intencional.

Achei que você era normal, não tem cara de surda: como falamos ali em cima, pessoas ouvintes se tornaram sinônimo de normalidade.

Logo, nessa lógica, pessoas surdas são anormais e estão erradas. Além do que, não existe uma “cara de surda”. Isso é apenas um estereótipo preconceituoso colocado nelas.

Você nem parece que é surda, até sabe falar: novamente, essa é a reprodução de uma noção errada da surdez.

A maioria das pessoas com deficiência auditiva possui a fala, mas na maioria das vezes não a utiliza, por preferir se comunicar em Línguas de Sinais. Ou seja, o termo surdo-mudo, ou chamar alguém de mudinho, também está errado.

É melhor ser surdo do que ouvir isso: quando alguém reproduz essa expressão, reforça a ideia de que a surdez é um fator limitante e degradante na vida de uma pessoa.

Também, ajuda a fortalecer o ouvintismo, pensando que pessoas ouvintes são superiores às pessoas surdas e com deficiência auditiva.

O ouvintismo parece estar em todo lugar, mas agora que você já entende mais desse tema, é seu papel agir contra esses preconceitos contra a comunidade surda. Um ótimo primeiro passo é começar a aprender Libras, trabalhando pela inclusão das pessoas surdas no nosso dia a dia.

Você pode fazer isso agora mesmo, com o Hand Talk App, um aplicativo gratuito de traduções automáticas em Línguas de Sinais.

Ediçao: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: Blog Acessibilidade /Se quiser se aprofundar mais no tema de ouvintismo e preconceitos linguísticos, deixamos aqui algumas recomendações de pesquisadoras surdas para te ajudar, como Gladis Perlin, Karin Strobel e Shirley Vilhalva

Acessibilidade no trabalho: como impactar profissionais surdos e mudos?

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel – Pr – Brazil)

Abril é o mês da Linguagem Brasileira de Sinais, conhecida como Libras, que atende a comunidade de pessoas surdas e mudas desde 2002.

A proximidade da data nos lembra de um assunto inadiável e essencial: acessibilidade no trabalho.

Baseada em um conceito de língua visual-espacial, a Libras possui sua própria gramática, especificamente criada para promover inclusão e acessibilidade em todos os espaços de convivência social entre surdos e mudos, inclusive no ambiente profissional.

Ser uma empresa que pratica a acessibilidade para surdos e mudos significa promover a equidade, oferecendo todas as condições necessárias para que essa comunidade não se sinta excluída por uma característica física.

Como funciona a acessibilidade no trabalho?
A acessibilidade no trabalho tem a ver com a capacidade de todas as pessoas utilizarem o ambiente físico, equipamentos, recursos e oportunidades de emprego, sem discriminação ou dificuldade.

Se pensarmos bem, a acessibilidade também está relacionada à diversidade nas empresas, promovendo a pluralidade de pessoas. Ao reunir esses dois conceitos, é mais possível criar um ambiente de trabalho justo e igualitário para todos os colaboradores.

No caso específico da acessibilidade para surdos e mudos, a linguagem de sinais é um dos recursos que permite que essas pessoas se comuniquem e acessem informações de forma efetiva no espaço de trabalho.

A Libras é uma forma legítima de expressão cultural e deve ser respeitada e valorizada.

Quando as empresas vestem essa camisa, permitem que toda a comunidade surda e muda identifique-se e sinta-se acolhida no ambiente profissional (que por sinal, é um direito garantido por lei).
Quais são os recursos que melhoram o ambiente de trabalho para surdos e mudos?

Existem diversos recursos que podem ser adotados para contribuir para a acessibilidade no trabalho.

As tecnologias de acessibilidade visam ajudar pessoas surdas e mudas a se comunicarem e acessarem informações de maneira mais fácil. Confira alguns exemplos:

Software de Reconhecimento de Voz: programas que podem ser utilizados por pessoas mudas para traduzir a fala em texto escrito

Telefone com Texto: recurso que permite que pessoas surdas e mudas possam se comunicar por meio de mensagens de texto em vez de chamadas de voz.

Alertas Visuais: utilizados para chamar a atenção de pessoas surdas para eventos como telefonemas, alarmes e campainhas.

Legendagem em tempo real: exibição de legendas em tempo real em uma transmissão ao vivo, permitindo que pessoas surdas possam acompanhar o conteúdo.

Em resumo, todas essas tecnologias podem ser combinadas para uma política de acessibilidade poderosa.

O importante é que a comunidade de surdos e mudos possa se comunicar e ter acesso a informações de maneira efetiva, possibilitando sua inclusão em todos os aspectos da sociedade.

Quem deve pensar e implementar as tecnologias de acessibilidade no trabalho?
A implementação de tecnologias e políticas de acessibilidade deve estar presente em empresas de todos os setores. Além disso, pode estar relacionada a um setor específico da organização ou não.

Tudo depende da forma como a empresa decide se organizar nesse aspecto.

Na Prod, criamos o comitê de Prodiversidade, que promove ações de inclusão, diversidade e acessibilidade dentro e fora do trabalho. O papel do comitê é reunir um grupo de pessoas para pensar e implementar políticas e práticas relacionadas à diversidade em todos os aspectos.

O objetivo é simples: usar a diversidade para impactar o bem-estar dos colaboradores da melhor forma possível, independentemente de raça, gênero, orientação sexual, idade, religião, habilidade física ou qualquer outra característica pessoal.

Para o mês de abril, o Prodiversidade organizou uma ação educativa de Libras com todos os colaboradores da Prod, além da criação de um mural expositivo sobre “Mercado de trabalho e deficiências”.

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: AddThis Website Tools=Giovana Alves/Internet

Brasil tem mais de 10 milhões de pessoas surdas, segundo o IBGE

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel – Pr – Brazil)

O número de pessoas surdas, no Brasil, passa dos dez milhões, de acordo com o IBGE. Mesmo com a lei que determina o uso da Libras, Língua Brasileira de Sinais, essas pessoas ainda enfrentam muitas dificuldades para acessar serviços básicos do dia a dia, fornecidos por empresas, órgãos e entidades.

Pensando em formas de promover um espaço onde os surdos possam fazer reclamações, uma empresa de tecnologia desenvolveu o SOS Surdo. Um site, na internet, onde é possível registrar, de graça, a falta de acessibilidade.

O diretor executivo da empresa, Cleber Santos, conta que a empatia fez com que desenvolvessem a ferramenta sossurdo.com.br

Tudo começou depois que um familiar do empresário quase perdeu a vida após uma forte reação alérgica a um medicamento.

Isso porque a pessoa não conseguiu se comunicar durante um atendimento onde o médico usava máscaras, o que dificultou a leitura labial.

Diante disso, Cleber Santos sentiu a necessidade de dar voz a essas pessoas, inclusive suporte jurídico para fazer cumprir a lei.

O empresário destaca, ainda, que a iniciativa é uma forma de contribuir para uma vivência mais equitativa para essas pessoas e que tem o sonho de ver os surdos tendo acesso a serviços simples do dia a dia.

Atualmente, a plataforma tem mais de duas mil denúncias. O setor que mais soma reclamações de falta de acessibilidade é o bancário, com 34% do total, seguido do setor público.

Ainda há reclamações contra empresas, faculdades, serviços de televisão e telefonia e internet. Para fazer a reclamação, basta se cadastrar no site.

Também é possível enviar um vídeo em Libras explicando o problema, além de anexar fotos e vídeos. Segundo Cleber Santos, algumas empresas acionadas acabam adaptando a comunicação, mas outras chegam a oferecer telefone para pessoas surdas ligarem, o que demonstra falta de preparo, de acordo com o empresário.

Em nota, a Febraban, Federação Brasileira de Bancos, informou que os bancos associados possuem ações para assegurar acessibilidade a pessoas com deficiência.

Em relação aos surdos, a entidade informa que “atendentes são capacitados” em Libras.

Além disso, a nota cita que mais de 80% dos caixas eletrônicos do país possuem atendimento em braile e funcionalidades com voz.

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: Agência Brasil Ebc/Internet

AS MAIORES DIFICULDADES DA SURDEZ

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel – Pr – Brazil)

Falta de compreensão da família

Nada, absolutamente nada no mundo é capaz de nos magoar mais do que ouvir, das pessoas que nós amamos, o infame “Deixa pra lá, não é nada!” quando pedimos para que repitam algo que não ouvimos ou não entendemos.

Hoje eu entendo como é difícil para um ouvinte tentar compreender o que é não ouvir ou ouvir mal, mas isso não justifica falta de compreensão, paciência e ajuda dentro da própria família.

Há também as dificuldades relativas ao uso de aparelho auditivo e implante coclear: familiares que não entendem que o processo de adaptação é longo, cansativo e estressante. Ou que acham que usar AASI e IC é sinônimo de ouvido novo, de perfeição.

Não é nada disso. Eles ajudam (às vezes, MUITO) mas não nos transformam em ouvintes perfeitos – aliás, isso existe?

Capacitismo
O capacitismo é todo tipo de preconceito direcionado a pessoas com deficiência, seja ele velado ou escancarado. E quando somos surdos que ouvem (através de aparelhos auditivos ou implante coclear) ainda precisamos aguentar isso vindo de pessoas que têm a mesma deficiência que a nossa.

Quem nunca ouviu “Você não é surdo, você é só deficiente auditivo” que atire a primeira pedra. Osso duro de roer!

Casa não adaptada
Com a tecnologia disponível hoje, quem não escuta pode adquirir despertador vibratório para ser mais independente e não depender de ninguém para acordar, por exemplo.

A nossa casa precisa estar adaptada às nossas necessidades: TV’s com legendas, campainha com alarme de luz, iluminação adequada.

Pequenas coisas que fazem toda a diferença. Alguns ouvintes que convivem com surdos fazem comentários como “É horrível assistir TV com essas legendas” e esquecem que horrível mesmo é não ouvir a TV. Mais empatia, por favor!

Consultórios, laboratórios e hospitais não acessíveis

Passei algumas horas num hospital semana passada e quase enlouqueci com os chamados pelo alto-falante a cada 15 segundos, com campainha e barulhos incessantes.

O ambiente seria muito melhor se houvesse um telão com avisos e chamados! Nós não conseguiremos sentar na sala de espera e relaxar aguardando que gritem ou chamem pelo nosso nome. Isso é fácil de resolver: chamar pela TV ou por uma tela.

Aeroportos não acessíveis

Qualquer lugar que use alto-falantes para fazer anúncios e chamar as pessoas é um perrengue gigantesco para nós. Ou nós não ouvimos, ou ouvimos e não entendemos.

Nunca vou esquecer a primeira vez que ouvi e entendi um anúncio de alto-falante em aeroporto: foi como se tivesse tirado 200kg das costas. Perdi as contas de quantas vezes corri pra lá e pra cá entre portões porque os aeroportos não davam as informações corretas nas telas de TV. Hoje em dia isso melhorou bastante em alguns aeroportos!

Pessoas que não articulam bem os lábios

A maioria de nós é dependente de leitura labial. Quando alguém não articula bem os lábios para falar conosco, isso é desesperador.

O maior desespero eu sentia quando a pessoa articulava como tartaruga. Basta falar do jeito como você fala, mas prestando atenção para articular as palavras como se estivesse falando em público.

Você consegue, vai!

Restaurantes e baladas escuras

Ler lábios no escuro: impossível. Se você quer a nossa presença ou se quer a nossa felicidade, por favor não nos convide para ir a locais escuros (que em geral também são barulhentos) porque isso configura tortura para quem não ouve ou ouve mal.

Berros em vez de cutucadas

Se você quer a atenção de uma pessoa com deficiência auditiva, apareça no seu campo de visão. Berrar, gritar e mandar alguém cutucar enquanto você fica olhando com cara de tédio é muito, mas muito deselegante.

Ser infantilizado ou se tornar invisível

A surdez nos infantiliza em muitos momentos.

Não somos pessoas de confiança para várias tarefas e atividades porque não escutamos. Uma coisa que me irritava muito era quando eu estava entre pessoas que falavam de mim na minha presença como se eu não estivesse ali – como se fosse uma planta, como se fosse invisível. Se você estiver na presença de uma pessoa surda, não faça isso.

Cinemas só com filmes dublados

Isso me deixava louca! Só pude começar a frequentar cinema com filme dublado em 2014, após o primeiro implante coclear. Antes disso, jamais! Imagine você, pessoa que ouve, tentar assistir a um filme sem som, ou a um filme com áudio em russo sem legendas. Será que vai dar conta? Claro que não! Nós também não fazemos milagres e nós também queremos nos divertir e frequentar os mesmos lugares que vocês frequentam!

Salas de espera com TV ligada sem som e sem legendas

É algo que foge à minha compreensão. Nem os ouvintes conseguem entender nada, que dirá quem não escuta. Confesso que TV ligada sem som e sem legendas é algo que dá nó na minha cabeça.

E é assim que funciona na maioria das salas de espera, restaurantes e vários outros locais. Alguém avisa?

Falta de noção no trabalho

Quem nunca ouviu coisas como “tem que atender o telefone de qualquer jeito“, “se não consegue, pede demissão“, “ah que saco ter que ficar repetindo as coisas“, “fulana é surda” (junto com olhar de pena ou risadinha) no ambiente de trabalho é muito sortudo.

A maioria das empresas não se empenha em incluir de verdade os funcionários PCD – e quando você é um surdo usuário de AASI ou IC, eles parecem ainda mais confusos sobre como lidar com isso. Acho que a solução é falar abertamente sobre suas necessidades e dificuldades sempre, com seu gestor/chefe e também o RH. Não ature assédio moral de cabeça baixa, por favor.

A maldição do “0800 especial”

Não consigo compreender como algo assim permanece na lei como alternativa de acessibilidade para surdos – uma geringonça dos anos 70 que é tudo, menos acessível. Bancos, operadoras de cartão e várias outras instituições, como concessionárias de rodovias, nos direcionam ao 0800 especial para deficientes auditivos e da fala.

Chat, SMS, email ou cadastrar alguém para que resolva alguma coisa por nós, em geral, não permitem. Perda de tempo, de dinheiro e de neurônio.

Isolamento e depressão

Quando vivemos constantemente com as situações acima, acabamos nos isolando e vivendo numa concha, porque é muito cansativo viver em busca de entender o que os outros dizem.

É barra pesada mesmo!
Não é à toa que várias pesquisas já mostraram que pessoas com deficiência auditiva têm o dobro de chance de desenvolver depressão e ansiedade.

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte:Cronicas da surdez/Internet

Mundial de Futsal Veterano de Surdos de 2024 será no Brasil

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel – Pr – Brazil)

Associação Internacional de Futebol para Surdos confirma São José dos Campos como sede do Mundial que acontecerá em junho de 2024

Arte com o texto “2nd DIFA World Cup Deaf Veterna +40 Futsal 2024 Brazil. 14 a 22 june. São José dos Campos – São Paulo – SP” e no centro há uma ilustração de uma pessoa jogando futebol.

No rodapé, estão os logos das organizações responsáveis pela realização, organização, apoio e patrocínio do evento.

O Brasil é confirmado como o país-sede da 2ª Copa do Mundo de Futsal Veterano de Surdos +40. Iakov Frenkel, presidente da Associação Internacional de Futebol para Surdos (DIFA) Site externo, assinou um documento que determina a Confederação Brasileira de Desportos de Surdos Site externo como a entidade responsável pela organização do evento, que ocorrerá entre os dias 14 e 22 de junho de 2024, na cidade de São José dos Campos (SP).

Para o evento, a CBDS contará com a ajuda do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Esportes e da Prefeitura de São José dos Campos.

“Estamos muito felizes por ter o Brasil como país escolhido para sediar mais um evento internacional. Isso mostra que nosso trabalho está sendo reconhecido e certamente irá garantir mais visibilidade para o desporto de pessoas surdas. Faremos nosso melhor e esperamos contar com ajudas e parcerias para realizar uma competição grandiosa”, destaca a presidente da CBDS, Diana Kyosen.

A competição será realizada pela DIFA em parceria com a CBDS e com a Federação Desportiva de Surdos do Estado de São Paulo (FDSESP).

Mundial de Futsal de Surdos 2023

Em novembro de 2023, o Brasil sediará a 5ª edição do Campeonato Mundial de Futsal de Surdos. O Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD), instituição responsável pela realização da competição, escolheu a cidade de São José dos Campos (SP) para sediar os jogos, que acontecerão entre os dias 10 e 19 de novembro deste ano.

Edição: Gilson de S

Associação Internacional de Futebol para Surdos confirma São José dos Campos como sede do Mundial que acontecerá em junho de 2024
31 jan
Arte com o texto “2nd DIFA World Cup Deaf Veterna +40 Futsal 2024 Brazil. 14 a 22 june. São José dos Campos – São Paulo – SP” e no centro há uma ilustração de uma pessoa jogando futebol. No rodapé, estão os logos das organizações responsáveis pela realização, organização, apoio e patrocínio do evento.
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O Brasil é confirmado como o país-sede da 2ª Copa do Mundo de Futsal Veterano de Surdos +40. Iakov Frenkel, presidente da Associação Internacional de Futebol para Surdos (DIFA) Site externo, assinou um documento que determina a Confederação Brasileira de Desportos de Surdos Site externo como a entidade responsável pela organização do evento, que ocorrerá entre os dias 14 e 22 de junho de 2024, na cidade de São José dos Campos (SP).

Para o evento, a CBDS contará com a ajuda do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Esportes e da Prefeitura de São José dos Campos.

“Estamos muito felizes por ter o Brasil como país escolhido para sediar mais um evento internacional. Isso mostra que nosso trabalho está sendo reconhecido e certamente irá garantir mais visibilidade para o desporto de pessoas surdas. Faremos nosso melhor e esperamos contar com ajudas e parcerias para realizar uma competição grandiosa”, destaca a presidente da CBDS, Diana Kyosen.

A competição será realizada pela DIFA em parceria com a CBDS e com a Federação Desportiva de Surdos do Estado de São Paulo (FDSESP).

Mundial de Futsal de Surdos 2023

Em novembro de 2023, o Brasil sediará a 5ª edição do Campeonato Mundial de Futsal de Surdos. O Comitê Internacional de Esportes para Surdos (ICSD), instituição responsável pela realização da competição, escolheu a cidade de São José dos Campos (SP) para sediar os jogos, que acontecerão entre os dias 10 e 19 de novembro deste ano.

Para mais informações, acesse o site da CBDS. Site externo

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: Para mais informações, acesse o site da CBDS. Site externo/Internet