Influenciadores em Acessibilidade: Top 5 PCDs nas redes sociais

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel Pr Brazil)

Quantas pessoas com deficiência você conhece que são influencers nas redes sociais?

Agora pense em quantas pessoas influencers sem deficiência que você acompanha.

Existem grandes chances de que essa quantidade não seja equilibrada.

Infelizmente as pessoas com deficiência são deixadas de lado quando pensamos em figuras que têm o poder de moldar e influenciar a vida da sociedade. E isso também é verdade no universo das redes sociais.

Para tentar mudar esse cenário, a Hand Talk criou o Prêmio Líderes de Acessibilidade, que entre outras categorias, reconhece anualmente 5 influenciadores digitais que estão fazendo a diferença na hora de promover a diversidade, inclusão e acessibilidade digital.

Venha conferir com a gente quem foram as pessoas premiadas nessa última edição e a importância de deixarmos as redes sociais mais inclusivas!

O que é o Prêmio Líderes de Acessibilidade?

Como o próprio nome já dá a entender, esta é uma premiação que reconhece pessoas fora da curva que estão tornando o mundo um lugar mais conectado e inclusivo.

Além disso, o Prêmio Líderes de Acessibilidade também reconhece as organizações que mais se destacam com as melhores iniciativas de acessibilidade!

A premiação é organizada pela Hand Talk e apresentada a cada ano durante o Link: festival digital de acessibilidade. Ela é dividida em quatro categorias, conheça cada uma delas!

Influenciadores em Acessibilidade

A categoria Influenciadores em Acessibilidade reconhece personalidades que atuam em suas redes sociais abordando pautas relacionadas à acessibilidade. Elas fomentam a discussão sobre a necessidade de um mundo mais inclusivo por meio de suas plataformas.

Profissionais de Acessibilidade

Enquanto isso, a categoria Profissionais de Acessibilidade premia, como você já pode imaginar, profissionais que realizam projetos ou promovem alguma ação para o fomento da acessibilidade. Suas contribuições permitem que mais pessoas possuam autonomia e garantam seu direito de acesso a diferentes contextos.

Melhores Iniciativas de Acessibilidade Web

Sendo anunciada pela primeira vez em 2023, a categoria de Melhores Iniciativas de Acessibilidade Web reconhece as organizações que promovem e implementam ações em prol de uma web mais acessível.

Elas também são as responsáveis por fazer com que todas as pessoas possam estar conectadas de maneira inclusiva.

Vale dizer que a categoria é separada em duas: uma que premia Organizações Sem Fins Lucrativos e outra voltada para Organizações Públicas e Privadas.

Top 5 influencers com deficiência que se tornaram Influenciadores em Acessibilidade

Bom, sem mais demoras, venha conhecer quem faz parte do Top 5 Influenciadores em Acessibilidade de 2023! Depois nos conte, você já conhecia todas essas pessoas?

É super importante darmos visibilidade a elas por fazerem um trabalho incrível na promoção da inclusão e acessibilidade online.

Gustavo Torniero

Gustavo é produtor de conteúdo, jornalista, colunista do portal Terra, ativista e embaixador do Movimento Web para Todos.

Jhonny “Surdinho” Souza

Além de professor de dança, coreógrafo da FitDance e jurado do programa “No Gás da JustDance”, Johnny Surdinho é criador de conteúdo surdo oralizado.

Marcos Lima

Marcos é jornalista, YouTuber, palestrante, criador e apresentador do Histórias de cego, o canal que vê o mundo com outros olhos e enxerga a vida de um modo diferente.

Patrícia Lorete

Criadora de conteúdo, consultora em capacitismo e criadora do “Janela da Patty”, Patrícia busca promover a inclusão e acessibilidade de forma consistente e impactante.

Ricardo Shimosakai

Ricardo é pioneiro, criador da Turismo Adaptado e referência internacional em Turismo Acessível.

Ele é um dos maiores ativistas pela acessibilidade e inclusão das Pessoas com Deficiência.
Como tornar as redes sociais mais inclusivas?

Tornar as redes sociais um espaço mais inclusivo é uma missão super importante.

Afinal, essa é uma das razões pela qual o Prêmio Líderes de Acessibilidade existe.

A boa notícia é que você não precisa ser influencer para contribuir para a acessibilidade na web! Separamos algumas dicas para que você também possa ajudar a construir redes sociais mais inclusivas. Confira!

Use legendas descritivas

Uma maneira simples e eficaz de tornar suas postagens mais inclusivas é adicionar legendas descritivas a fotos e vídeos.

Isso ajuda não apenas pessoas com deficiência auditiva, mas também aquelas que preferem navegar em ambientes silenciosos ou em locais com ruído ambiente.

Certifique-se de que suas legendas descrevam de forma precisa o conteúdo da imagem ou do vídeo, incluindo detalhes importantes que podem ser perdidos com uma legenda mais breve.

Evite emojis e palavras em caixa alta nas hashtags

Emojis são divertidos e hashtags em caixa alta podem chamar a atenção, mas podem ser problemáticos para pessoas com deficiência visual ou cognitiva.

Os emojis não são lidos pelos leitores de tela, e as palavras em caixa alta podem ser difíceis de entender.

Opte por hashtags em camelCase, que utilizam maiúsculas para cada nova palavra, facilitando a leitura.

Além disso, evite o uso excessivo de emojis para não sobrecarregar a mensagem.
Faça bom uso da pontuação

A pontuação é crucial para tornar o conteúdo mais claro e compreensível. Use vírgulas, pontos e pontos de exclamação de forma apropriada para organizar suas ideias e facilitar a leitura.

Evite frases longas e complexas que possam ser difíceis de seguir.

Lembre-se de que uma boa pontuação não apenas melhora a acessibilidade, mas também torna sua comunicação mais eficaz para todos os públicos.

Inclua narração, legendas e traduções em Línguas de Sinais nos vídeos

Vídeos são um dos tipos de conteúdo mais populares nas redes sociais, mas podem ser inacessíveis para pessoas com deficiência auditiva ou visual.

Para resolver isso, adicione narração descritiva aos vídeos, permitindo que o conteúdo seja compreendido apenas pelo áudio.

Além disso, inclua legendas precisas e ofereça traduções em Línguas de Sinais para alcançar um público ainda maior.

Use um design mais acessível

O design da sua página ou perfil também desempenha um papel essencial na acessibilidade. Escolha cores de fundo e texto de alto contraste para facilitar a leitura.

Certifique-se de que os botões e links sejam grandes o suficiente para serem clicados facilmente em dispositivos móveis. Teste a navegabilidade do seu perfil usando apenas o teclado, pois algumas pessoas com deficiência dependem dessa funcionalidade. Em resumo, garanta que quem acessar seu conteúdo tenha uma boa experiência.

Conclusão

Gostou de saber sobre como tornar as redes sociais mais inclusivas e de conhecer novos influenciadores em acessibilidade? Sim? Então temos uma ótima oportunidade para você!

Durante o Link 2023, recebemos os influencers Eduardo Victor, Ana Clara Moniz e Johnny Surdinho, além do CEO da Agência Tambor, Vitor Bastos, para conversar sobre O crescimento dos influenciadores com deficiência nas redes sociais.

Mesmo se você não conseguiu nos acompanhar ao vivo para esse painel, ainda pode conferir o conteúdo no nosso canal do Youtube. Então não perca tempo e já vá lá conferir como foi essa conversa tão interessante!

Edicao: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: handtank.me/Ana Sofia Gala/Internet

Ouvintismo e o preconceito contra as pessoas surdas

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel Pr Brazil)

Infelizmente, o preconceito ainda é uma concepção muito presente no nosso dia a dia. Ele existe de várias formas, oprimindo e ofendendo diversos grupos, como as mulheres, pessoas negras, membros da comunidade LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência e por aí vai.

Hoje, vamos te explicar um pouquinho mais sobre o preconceito contra as pessoas surdas, também conhecido como ouvintismo ou também audismo, porém o primeiro termo é o mais utilizado

Se antes de continuar a leitura você queira conhecer mais sobre a comunidade surda, separamos 5 fatos que você deveria saber sobre ela, para começar a desconstruir alguns preconceitos que talvez você nem imaginava que tivesse.

Afinal, o que é ouvintismo?

Para entender o conceito de ouvintismo, precisamos partir da noção de que o mundo foi construído por e para pessoas ouvintes. Nesse cenário, é como se pessoas surdas e com deficiências auditivas não fossem consideradas por suas identidades, como se enxergam dentro da comunidade, e sim entendidas como “não-ouvintes”.

É como se elas estivessem erradas ou fossem inferiores por não ouvirem. O ouvintismo entende o mundo a partir da percepção da pessoa ouvinte, e de como ela encara as situações e ambientes ao seu redor.

Nessa lógica, a pessoa surda é o elemento que não se encaixa, que está fora do padrão socialmente aceito.

Sendo assim, precisam a qualquer custo se tornarem ouvintes em potencial, passando pelo processo da oralização, aprendendo leitura labial e se adequando à comunicação oral.

Ser ouvinte passou a ser sinônimo de ser normal. Esse padrão que temos na sociedade hoje, faz com que muitas pessoas com deficiência auditiva sejam negadas de se perceberem e se afirmarem positivamente como parte da comunidade surda.

Essa construção sociocultural acaba criando um ambiente muito difícil de exclusão, rejeição e invisibilidade das pessoas surdas. Inclusive, o ouvintismo chega até a privá-las da sua língua, que é um pedaço gigantesco da sua identidade e cultura.

Entendendo sobre o privilégio ouvinte

Você sabia que as Línguas de Sinais, na sua maioria usadas pela comunidade surda para se comunicar, foram proibidas em 1880? Esse é só um exemplo de várias das privações linguísticas que as pessoas surdas sofrem no dia a dia. Pensando nisso, é nítido que as pessoas ouvintes vão usufruir de mais privilégios, já que não possuem tantas barreiras para enfrentar o tempo inteiro.

Um bom exemplo para você entender como esses privilégios funcionam na realidade, é a prática de cripface.

Esse termo surgiu nos Estados Unidos, unindo as palavras crippled (deficiente) e face (rosto).

Ele é muito presente na indústria audiovisual e do entretenimento, quando atores sem deficiência interpretam personagens com deficiência.

Isso é um grande problema, porque acaba retratando as pessoas dessa comunidade de forma ofensiva e capacitista. Além do que, o próprio fato de não contratar atores com deficiências para essas produções já é um ato capacitista em si, porque é baseado na ideia de que eles não são capazes de dar conta desse tipo de trabalho.

São inúmeras as vezes em que pessoas ouvintes ocupam indevidamente os espaços das pessoas surdas, principalmente no ambiente de trabalho. Em lugares em que a oferta de emprego já não é grande, elas ainda são prejudicadas a favor do privilégio ouvinte.

Um dos casos mais frequentes acontece para vagas de intérpretes ou professores de Libras (Língua Brasileira de Sinais). As organizações preferem contratar pessoas ouvintes, porque acreditam que elas vão conseguir se comunicar melhor com o restante do público, também ouvinte. Elas fazem isso ao invés de escolher pessoas surdas, que muitas vezes têm sua cultura e identidades baseadas na Libras.

Recentemente, também veio à tona a expressão deaf money, mas o que isso significa? Assim como com tantos outros grupos, as empresas se aproveitam das pessoas surdas para lucrar em cima delas, sem realmente estarem preocupadas com as causas defendidas por essa comunidade.

É muito comum, por exemplo, encontrarmos cursos de Libras oferecidos por pessoas ouvintes, com a promessa de fluência no idioma em tempo recorde, e ainda cobrando preços abusivos. As pessoas por trás de ações desse tipo apenas usam as pessoas surdas como estratégia para ganhar dinheiro e fama, sem estarem envolvidas com a comunidade, ou a apoiarem.

Por conta disso, foi criado o lema “Nada sobre nós, sem nós”, que defende a presença das pessoas surdas e com outras deficiências nos espaços que pertencem à elas. Se estamos tratando de algo sobre elas, por que excluí-las?

As situações em que observamos o privilégio ouvinte são bastante frequentes. Ainda, as dificuldades de comunicação para pessoas surdas se tornam praticamente inevitáveis em um mundo que só aceita ser ouvinte.

Acontece quando uma pessoa surda, que se comunica principalmente em Libras, precisa ir ao hospital, à delegacia, a uma loja, à escola, ou até em rodoviárias e aeroportos, em que os anúncios são normalmente apenas sonoros.

Você percebe como o privilégio ouvinte pode tirar a liberdade e autonomia de quem faz parte da comunidade surda?

O preconceito linguístico sofrido pelas pessoas surdas

Bom, a ideia de preconceito você já conhece, mas sabe dizer no que consiste o preconceito linguístico? Basicamente, é uma forma de discriminação social pautada em julgar as pessoas pelo jeito como elas se comunicam.

Isso pode acontecer tanto pela outra pessoa usar termos que você acha que são errados ou indevidos, por ela não dominar bem o idioma em que está falando, ou simplesmente por se comunicar em outra língua diferente da sua.

Por exemplo, dentro do Brasil, pessoas nordestinas costumam sofrer muito com esse tipo de preconceito. Elas são xingadas e ofendidas apenas por possuírem um sotaque marcante e linguagem diferente do resto do país.

Esse também é um fenômeno que acontece bastante com pessoas surdas sinalizantes, que no Brasil, falam principalmente Libras.

Como elas não dominam bem o português, são vistas como inferiores, incompletas, incompetentes, burras, e tantas outras noções negativas que nascem desse preconceito.

Ainda, as pessoas surdas, e também pessoas com outras deficiências, sofrem do capacitismo linguístico.

Isso acontece quando as pessoas usam jargões ou ditados capacitistas, que funcionam quase como gírias.

Essas expressões vão ganhando popularidade dentro da sociedade, mesmo que às vezes as pessoas não entendam bem o significado por trás das palavras, e usem esses termos sem muita consciência.
Será que o que eu estou falando é capacitista?

Esse tipo de linguagem capacitista incentiva uma cultura de exclusão que só se fortalece. Mais uma vez, percebemos os reflexos da cultura de ouvintismo em que vivemos, inferiorizando as pessoas surdas.

Para garantir que a gente não continue repetindo esses termos preconceituosos, separamos algumas expressões capacitistas que você não deve nunca mais usar:

Conversa de surdos: normalmente, essa expressão é usada quando as pessoas que estão conversando não conseguem se entender.

Então vamos reforçar, as pessoas surdas conseguem se comunicar muito bem.

A única diferença é que fazem isso em uma língua que não é muito aceita pelas pessoas ouvintes.

Se fazer de surdo: quando alguém ouve algo, e prefere ignorar ou não dar atenção a essa informação, as pessoas dizem que ele está se “fazendo de surdo”.

Isso só mostra o preconceito contra as pessoas surdas, que têm sua deficiência auditiva associada a ignorância intencional.

Achei que você era normal, não tem cara de surda: como falamos ali em cima, pessoas ouvintes se tornaram sinônimo de normalidade.

Logo, nessa lógica, pessoas surdas são anormais e estão erradas. Além do que, não existe uma “cara de surda”. Isso é apenas um estereótipo preconceituoso colocado nelas.

Você nem parece que é surda, até sabe falar: novamente, essa é a reprodução de uma noção errada da surdez.

A maioria das pessoas com deficiência auditiva possui a fala, mas na maioria das vezes não a utiliza, por preferir se comunicar em Línguas de Sinais. Ou seja, o termo surdo-mudo, ou chamar alguém de mudinho, também está errado.

É melhor ser surdo do que ouvir isso: quando alguém reproduz essa expressão, reforça a ideia de que a surdez é um fator limitante e degradante na vida de uma pessoa.

Também, ajuda a fortalecer o ouvintismo, pensando que pessoas ouvintes são superiores às pessoas surdas e com deficiência auditiva.

O ouvintismo parece estar em todo lugar, mas agora que você já entende mais desse tema, é seu papel agir contra esses preconceitos contra a comunidade surda. Um ótimo primeiro passo é começar a aprender Libras, trabalhando pela inclusão das pessoas surdas no nosso dia a dia.

Você pode fazer isso agora mesmo, com o Hand Talk App, um aplicativo gratuito de traduções automáticas em Línguas de Sinais.

Ediçao: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: Blog Acessibilidade /Se quiser se aprofundar mais no tema de ouvintismo e preconceitos linguísticos, deixamos aqui algumas recomendações de pesquisadoras surdas para te ajudar, como Gladis Perlin, Karin Strobel e Shirley Vilhalva

Braille: o que é, como surgiu, no Brasil – Mundo Educação

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel Pr Brazil)

Braille é um sistema de escrita utilizado para garantir que pessoas cegas ou com baixa visão possam ler.

Esse sistema surgiu no século XIX, na França, e foi criado por um jovem estudante chamado Louis Braille. Atualmente, é padrão no mundo, sendo utilizado por milhões de pessoas cegas.

Chegou ao Brasil em 1854, por meio de um estudante chamado José Álvares de Azevedo.

Como foi criado o Braille?

O sistema Braille foi criado pelo jovem francês Louis Braille. Ele nasceu em Coupvray, na França, no dia 4 de janeiro de 1809, e era filho de Monique e Simon-René.

Um acidente ainda na infância mudou radicalmente sua vida. Quando tinha três anos de idade, enquanto brincava com as ferramentas de seu pai, acidentalmente uma sovela atingiu seu olho.

Aos 12 anos de idade, o francês Louis Braille inventou um método que permite que cegos consigam ler.

O olho esquerdo de Braille foi severamente ferido e os pais dele procuraram todo tipo de atendimento médico, mas nada adiantou, e ele perdeu a visão desse olho.

Uma infecção iniciada no olho ferido se espalhou para o olho direito, assim Braille ficou cego dos dois olhos.

Os pais de Braille iniciaram a educação de seu filho e o desempenho escolar dele, mesmo cego, era tão bom que ele conquistou uma bolsa em um colégio para cegos, o Instituto Nacional para Jovens Cegos, localizado em Paris.

Esse colégio tinha sido criado por Valentin Haüy e lá era implementado um método de alfabetização para os alunos cegos.

Esse método de alfabetização consistia em imprimir letras em alto-relevo para que os cegos pudessem distingui-las por meio do tato. Esse sistema, no entanto, era complexo e muitos dos estudantes cegos tinham dificuldades para se adaptar a ele.

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Isso começou a mudar quando o jovem Louis Braille conheceu, em 1821, Charles Barbier de La Serre, um oficial francês que foi à escola em que Braille estudava para apresentar um código que ele havia desenvolvido no exército francês. O código criado por Barbier foi um pedido de Napoleão Bonaparte para que os soldados franceses pudessem ler as ordens recebidas no escuro.

Esse sistema de comunicação de Barbier usava pontos e traços e era conhecido como “escrita noturna”.

O sistema não vingou no exército francês porque os soldados o achavam muito complexo, já que utilizava uma grande quantidade de sinais e tinha uma decifração muito lenta.

Braille conheceu o método de Barbier aos 12 anos de idade. Ele dedicou os anos seguintes de sua vida a estudá-lo e, em 1824, quando tinha 15 anos, apresentou um método alternativo.

Ele se inspirou na criação de Barbier, mas resolveu melhorá-la. Surgia então o Braille.

O método de Barbier se baseava nos sons e, portanto, não permitia a soletração; tinha uma combinação de símbolos muito grandes e não tinha símbolos de números, letras com acentos e notas musicais, por exemplo.

Braille reformulou esse modelo e criou um sistema que se baseava nas letras do alfabeto francês e nos números. Ao todo o sistema desenvolvido por Braille permitia um total de 63 combinações em relevo.

Em 1826, Braille começou a ensinar o método que ele criou para os seus colegas. Em 1829, publicou um livro explicando o método e, em 1837, publicou uma revisão.

Na época, o diretor do Instituto Nacional para Jovens Cegos era o Dr. Pignier, que decidiu utilizar o método de Braille, embora ainda não tivesse sido oficializado.

O Dr. Pignier acabou demitido da função pela insistência em utilizar o método de Braille. Nessa altura, Louis Braille era professor do Instituto Nacional para Jovens Cegos e tentava obter o reconhecimento para seu método.

Louis Braille faleceu em 1852, vítima de uma tuberculose, quando tinha 43 anos. Seu método só foi oficializado dois anos depois. A partir de 1854, o Braille se popularizou e tornou-se o método mais utilizado na alfabetização dos cegos na França. O sistema Braille começou a ganhar o mundo quando foi apresentado na Exposição Internacional, que aconteceu em Paris, no ano de 1855.

Braille no Brasil

O Braille foi oficialmente introduzido no Brasil em 1854. Isso resultou do esforço de José Álvares de Azevedo para que fosse criada uma instituição que fornecesse educação para jovens cegos.

José Álvares de Azevedo era cego e aprendeu o Braille na França, local ao qual foi enviado por sua família ainda na adolescência.

Ele retornou para o Brasil disposto a introduzir esse sistema aqui.

Em 1850, conseguiu uma audiência com o imperador D. Pedro II e dele obteve autorização para fundar uma escola para a educação de cegos. Em 1854, foi fundado o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, mas, na ocasião, o jovem José Álvares de Azevedo, o primeiro professor cego do Brasil, já havia falecido, vítima de tuberculose.

O sistema Braille, introduzido no Brasil por essa instituição, é até hoje utilizado no país, embora tenha passado por algumas atualizações para adaptá-lo à realidade da língua portuguesa. O Imperial Instituto dos Meninos Cegos é atualmente conhecido como Instituto Benjamin Constant.

Créditos da imagem

[1] neftali e Shutterstock
Publicado por Daniel Neves Silva

ANAC garante 80% de desconto em passagens aéreas para acompanhantes de pessoas autistas

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel Pr Braazil)

Como forma de promover a inclusão e facilitar a vida das pessoas com autismo, a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) estabeleceu uma resolução que visa tornar as viagens de avião mais acessíveis e confortáveis para todos.

Com isso, os acompanhantes de pessoas autistas têm direito a 80% de desconto em passagens aéreas. Essa iniciativa visa tornar as experiências de viagem mais tranquilas e agradáveis, beneficiando não apenas as pessoas com autismo, mas também suas famílias e cuidadores.

Para entender melhor sobre essa resolução e como aproveitar o benefício, continue lendo esse texto!

Conheça a Resolução da ANAC que garante 80% de desconto em passagens aéreas

mãe pai e filho em aeroporto conversando com comissária de bordo

A Resolução 280/2013 da ANAC deixa claro “sobre os procedimentos relativos à acessibilidade de passageiros com necessidade de assistência especial ao transporte aéreo”, determinando que as empresas são obrigadas a garantir 80% de desconto em passagens aéreas para acompanhantes de passageiros com deficiência que não possam viajar sozinhos.

Como já falamos aqui em nosso blog, as legislações consideram pessoas com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA), para todos os efeitos legais, como pessoas com deficiência. Assim, todos os direitos garantidos a PCDs são estendidos também para pessoas autistas.

Dessa forma, tem direito a ter um acompanhamento aqueles que:

Precisam viajar em macas ou incubadores;
Que tem dificuldades de entender as instruções de segurança durante o voo devido à deficiência mental e intelectual;
Que não conseguem realizar suas necessidades fisiológicas sem assistência.

Nesses casos, as companhias aéreas devem fornecer um acompanhamento gratuito ou permitir que as pessoas com autismo, deficiência ou mobilidade reduzida escolham seu próprio acompanhante, tendo 80% de desconto em passagens aéreas.

Além desse desconto, a norma também determina que as empresas aéreas disponibilizem assistência especial e equipamentos de acessibilidade, como cadeiras de rodas, para facilitar a locomoção dentro dos terminais aéreos.

Ela também garante atendimento prioritário no embarque, desembarque e durante o voo para os passageiros. Por fim, fica também estabelecido que essas empresas devem disponibilizar informações sobre as condições de acessibilidade e garantir que os funcionários tenham treinamento específico para passageiros que não tenham acompanhantes.

O objetivo é oferecer maior suporte emocional para quem precisa viajar de avião e tornar a jornada mais tranquila, garantindo que o conforto e bem-estar de todos sejam priorizados durante o voo.

Como pedir benefício de 80% de desconto em passagens aéreas?

De acordo com a resolução da ANAC, para pedir esse benefício em passagens aéreas, é preciso comprovar a necessidade de acompanhante. Além disso, o acompanhante escolhido precisa ser maior de 18 anos e possuir condições de prestar auxílio para as assistências necessárias.

Outro ponto importante é que o acompanhante precisa viajar na mesma classe e mesmo voo do passageiro. Esse desconto é garantido para qualquer voo que esteja saindo do Brasil, seja de empresas nacionais ou internacionais.

Por isso, atenção: na hora de efetuar a compra das passagens aéreas, é preciso avisar com antecedência que é para uma pessoa com TEA e por isso, precisará de um acompanhante.

Depois disso, a companhia pedirá alguns documentos como:

O laudo diagnóstico;
O MEDIF (Formulário de Informações Médicas, assinado pelo médico da pessoa);
Ou o FREMEC (Cartão Médico do Viajante Frequente).

Com isso, é preciso aguardar o prazo de resposta, que pela lei, deverá ser feito em até 48hrs, pela companhia aérea para avaliar o formulário do passageiro.

Importante frisar que, apesar dessa norma não ser uma lei, a resolução da ANAC tem obrigatoriedade de cumprimento por todas as companhias aéreas que operam no Brasil.

Conclusão

menina de fone de ouvido no meio do corredor do avião

A possibilidade de viajar com um 80% de desconto em passagens aéreas é um benefício que traz muitas vantagens para as famílias e cuidadores de pessoas com autismo.

Além da questão financeira, que pode aliviar os custos da viagem, o desconto permite que o acompanhante esteja presente para auxiliar o passageiro autista em todo o percurso, proporcionando conforto emocional e segurança durante a viagem.

Já que ter o apoio do cuidador é fundamental para minimizar possíveis ansiedades e crises, e também tornar a experiência de voar mais prazerosa para todos os envolvidos

Apesar do desconto de 80% para acompanhantes de pessoas autistas em voos ser um facilitador para muitas famílias, esse benefício ainda é pouco divulgado e conhecido pela comunidade.

Por isso, é importante entender o que é garantido pela legislação e deve ser disponibilizado para todas as pessoas, já que caso as empresas descumpram as regras da Resolução, poderão ser penalizadas com multas e sanções administrativas.

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte :Heloise Rissato/Internet

A linguagem inclusiva e como se referir a pessoas com deficiência

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel Pr Brazil)

esde cedo, ensinamos às crianças que elas não devem xingar o amiguinho, falar palavrão… Elas logo percebem o poder das palavras: é através delas que podemos elogiar ou ofender alguém.

Segundo estimativas da ONU, há pelo menos 1 bilhão de pessoas no mundo com alguma deficiência. Quem as discrimina tem uma atitude capacitista, que é crime desde 2015.

A Lei Brasileira de Inclusão prevê “pena de um a três anos de reclusão e multa, podendo a reclusão ter o seu período aumentado dependendo das condições em que o crime foi praticado”.

Na maioria das vezes, no entanto, deixamos de mostrar aos pequenos a importância da linguagem inclusiva.

Elas crescem sem saber saber como se referir a pessoas com deficiência e, na vida adulta, empregam no dia a dia e no trabalho, por ignorância, ou, talvez até mesmo preconceito, palavras e expressões que deveriam ter sido banidas do vocabulário.

Por isso, é importante que todos nós conheçamos as terminologias que tratam a todos com o respeito que merecem. Você sabia que não se deve falar, por exemplo, deficiente? O termo correto, definido a partir da Convenção da ONU, em 2006, é pessoa com deficiência. A palavra portador é inadequada porque se refere a algo que se carrega e que, portanto, pode ser deixado de lado, o que não é o caso de deficiência, uma característica permanente.

Outro cuidado que devemos ter, ao escrever, é não usar a abreviação PCDs para os referirmos a pessoas com deficiência. As siglas desumanizam. Pense bem: você gostaria de ser chamado por três letrinhas? Pois é, a pessoa com deficiência também não.

É preciso também esquecer de uma vez por todas palavras que eram usadas até pouco tempo atrás, como doente, pessoa com problema, retardado. Você já pensou no quanto elas são ofensivas?

Mas como fazer se eu precisar me referir uma pessoa, detalhando suas características. É simples.

Não chame um cego de cego. Ele tem deficiência visual, assim como outras pessoas tem auditiva. Outro aprendizado que todos devemos ter é nunca usar o contraponto “mas” ao elogiar uma pessoa com deficiência.

Você vai dizer que nunca ouviu, ou mesmo disse, algo parecido com “ela tem síndrome de Down, mas mora sozinha” ou “ele tem deficiência visual, mas é um ótimo profissional”, como se as característica da pessoa a impedissem de viver sem ajuda ou trabalhar bem?

Outro erro comum é demonstrar sentimento de pena.

A pessoa com deficiência é igualzinha a você, só tem algumas características diferentes, mas que não a definem.

Também fuja da armadilha de achar que pessoas com deficiência são exemplos de superação quando elas fazem algo do dia a dia, como andar de transporte público. Ao receberem esta conotação de heroísmo, sem estarem fazendo nada de diferente, não são vistas como pessoas capazes de terem autonomia.

Muita gente já combate o racismo, o machismo e a LGBTQIA+fobia, mas o preconceito contra pessoas com deficiência muitas vezes não merece a atenção que deveria. Isso precisa mudar.

Com pequenas mudanças você pode fazer a sua parte por um mundo melhor.

O que você está esperando?

Edição: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: BlogGtech/Internet

Governo sanciona e amplia lei que garante atendimento prioritário para pessoas autistas

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel Pr Brazil)

Em 20 de junho de 2023, após a sanção do vice-presidente Geraldo Alckmin, a Lei n°14.626 ampliou o atendimento prioritário para pessoas autistas no Brasil.

Agora, a legislação inclui pessoas com TEA, com mobilidade reduzida e doadores de sangue como parte desse grupo prioritário durante os atendimentos em diversos espaços, como caixas, guichês, aeroportos, hospitais, cinemas e demais serviços prestados ao público.

Ela ainda especifica, que caso o serviço em questão não tenha nenhum tipo de guichê próprio para as pessoas com direito a atendimento prioritário, é exigido que esses grupos sejam chamados “imediatamente após a conclusão dos atendimentos que estiverem em andamento, antes de quaisquer outras pessoas que estão na fila”.

Publicada no Diário Oficial da União, essa legislação é mais uma vitória para pessoas autistas e suas famílias, na busca por espaços inclusivos em uma sociedade mais respeitosa. Leia para saber mais!
Conheça a Lei que garante atendimento prioritário a autistas

4 pessoas sentadas em uma fila, sendo duas dela uma mãe e filha de mãos dadas

O que antes era um Projeto de Lei para inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo entre os beneficiários perante a legislação, se tornou a Lei nº 14.626, de 19/06/2023, sancionada pelo atual vice-presidente da república.

Agora, a nova Lei altera a Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, e a Lei nº 10.205, de 21 de março de 2001, “para garantir o atendimento prioritários em diversos estabelecimentos as pessoas com TEA, com mobilidade reduzida ou doadores de sangue, bem como reserva de assento em veículos de empresas públicas de transporte e de concessionárias de transporte coletivo”.

O texto, que tinha sido aprovado pelo Congresso Nacional ainda em 2023, é de autoria do senador Irajá Abreu (PSD-TO), ampliando as pessoas que têm direito ao atendimento prioritário. Até então, apenas alguns grupos, como idosos, PCDs e lactantes, tinham esse direito no Brasil.

A partir de agora, o benefício vale para:

Pessoas com Transtorno do Espectro Autista;
Pessoas com mobilidade reduzida;
Doadores de sangue;
Pessoas com deficiência;
Pessoas idosas com idade igual ou superior a 60 anos;
Gestantes;
Lactantes;
Pessoas com criança de colo;
Obesos.

É importante entender que “o atendimento prioritário poderá ser realizado mediante discriminação de postos, caixas, guichês, linhas ou atendentes específicos para esse fim”, e caso não existam espaços destinados a isso, é preciso que o atendimento seja feito imediatamente após a conclusão do anterior.

Para doadores de sangue, a preferência em filas, caixas e guichês, só valerá após todos os outros grupos com prioridade serem atendidos. Além disso, também é necessário apresentar um comprovante de doação, válido por 120 dias.
Transporte público também teve ampliação de assento preferencial

3 pessoas sentadas em uma fila, um homem com braço quebrado, uma mulher e um idoso

Além de alterar os grupos que têm direito a atendimento prioritário no Brasil, a nova legislação também garante assentos reservados e devidamente indicados para pessoas autistas e pessoas com mobilidade reduzida.

Assim, agora as “empresas de transporte público e também as concessionárias de transportes coletivos deverão reservas assentos, devidamente identificados, para:

Pessoas com deficiência;
Pessoas com TEA;
Pessoas idosas;
Gestantes;
Lactantes;
Pessoas com crianças de colo;
Pessoas com mobilidade reduzida.

Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência, pessoas consideradas com mobilidade reduzida são “por qualquer motivo, dificuldade de movimentação, seja temporária ou permanente, tem uma redução efetiva da flexibilidade, mobilidade, percepção ou coordenação motora”.
Conclusão

Com a recente sanção e ampliação da lei que assegura atendimento prioritário para pessoas autistas, temos um importante passo rumo à construção de uma sociedade mais inclusiva e atenta às necessidades de cada pessoa.

Essa significativa conquista reflete o compromisso do governo em garantir a dignidade e o respeito aos direitos fundamentais de todos os cidadãos, especialmente aqueles que enfrentam desafios sensoriais em espaços com muitas pessoas, como é o caso de autistas.

Ao estabelecer a prioridade de atendimento em diversos locais, como hospitais, bancos, cinemas, filas e guichês, estamos garantindo que pessoas diversas se sintam mais confortáveis e tenham menos crises ou dificuldades relacionadas à interação social.

A partir de agora, é fundamental que todos os setores envolvidos se engajem na efetivação dessa lei, promovendo a conscientização e capacitando seus profissionais para oferecer um atendimento verdadeiramente inclusivo.

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: Genial Care/Internet

Inclusão social das Pessoas Com Deficiência (PCD) nas empresas

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel Pr Brazil)

Pouco mais de 28% de pessoas com deficiência estão inseridas no mercado de trabalho, um número irrisório perto das 17 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A partir desses números conseguimos compreender porque a inclusão se faz tão necessária em nossa sociedade.

Na esfera profissional não é diferente, promover a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho é uma forma de contribuir para a igualdade social, além de trazer pluralidade para as equipes e um impacto positivo na produtividade. Vamos conhecer um pouco sobre o que a legislação brasileira diz a respeito da inclusão.

Qual é a Lei Brasileira de Inclusão?

A principal lei regulamentadora dos deveres e direitos à acessibilidade, a Lei brasileira de Inclusão (LBI) ou Estatuto da Pessoa com Deficiência, foi publicada no dia 6 de julho de 2015, sob o n.º 13.146.

Os principais objetivos desta Lei são: garantir a acessibilidade, através de benefícios que a reduzem; e apresentar medidas para aumentar a igualdade e a inclusão social das pessoas com deficiência. Podemos identificar esse objetivo no artigo 1.º da Lei:

Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania.

Uma definição muito importante que a Lei Brasileira de Inclusão nos apresenta é o conceito de pessoa com deficiência, presente no artigo 2.º da Lei:

Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Esses entendimentos são o ponto de partida para que possamos desenvolver ações que realmente tragam impacto positivo às pessoas com deficiência, realizando a integração no ambiente social e de trabalho. Vamos conhecer um pouco sobre as leis que tratam da inclusão profissional?
Lei de Cotas – Entenda a reserva de cargos para PCDs

Em complemento as políticas de inclusão previstas, a Lei 8.213 de 1991, que trata sobre o regime da previdência social, estabelece que empresas com cem colaboradores ou mais devem destinar de 2% a 5% das vagas às pessoas em reabilitação ou com deficiência, sendo:

Faixa Alíquota
de 100 a 200 funcionários 2%
de 201 a 500 funcionários 3%
de 501 a 1000 funcionários 4%
de 1001 em diante 5%

Qual a multa prevista na Lei de Cotas?

A inobservância dessa regra poderá acarretar graves punições. Apesar de a Lei não prever expressamente qual seria o valor da multa, quando identificado o descumprimento, a empresa poderá sofrer um processo judicial, onde será arbitrado pelo magistrado o valor que entender coerente para a infração.

No caso da Lei de Cotas, por exemplo, a multa é atualizada diariamente e o cálculo é realizado com base na quantidade de dias em que a empresa atuou com o número abaixo do mínimo de funcionários com deficiência exigido pela Lei.

Observe a determinação da MTPS/MF N°1 de 08/01/2016, que indica:

Faixa Multa
de 100 a 200 funcionários De R$ 2.143,04 a 2.571,65
de 201 a 500 funcionários De R$ 2.571,65 a R$ 2.785,95
de 501 a 1000 funcionários De R$ 2.785,95 a R$ 3.000,25
de 1001 em diante De R$ 3.000,25 a R$ 3.214,55

Quais as principais leis de Inclusão existente no Brasil?

Além dessa, existem outras legislações para garantir a inclusão social nas empresas, como no caso da Lei 10.097/2000 que determina que os estabelecimentos de qualquer natureza são obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Serviços Nacionais de Aprendizagem número de aprendizes equivalente entre 5% e 15% dos trabalhadores existentes em cada empresa, cujas funções demandem formação profissional.

Ainda, a Lei 10.741/2003 assegura os direitos dos idosos, sendo, inclusive, proibido fixar idade máxima para os processos seletivos, exceto quando o cargo exigir. Além de determinar que todo idoso tem direito ao exercício da atividade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas.

A inclusão, além de ser um requisito legal para algumas organizações, promove vantagens para os empregadores que desejam expandir sua obrigação moral com a sociedade. Atualmente existem empresas especializadas em RH, como a Employer, que podem ajudá-lo na contratação de profissionais qualificados para o mercado. Saiba mais!

Edição:: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte:Contribuição da Advogada Letícia Pereira (OAB 457.214) do corpo jurídico Employer.

Lei Brasileira de Inclusão e autismo: como a legislação ajuda pessoas com TEA

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel Pr Brazil)

A Lei Brasileira de Inclusão – também conhecida como LBI ou Estatuto da Pessoa com Deficiência – é um conjunto de normas com o objetivo de assegurar e promover os direitos das pessoas com deficiência em todo território nacional.

Desde a sanção da Lei Berenice Piana, pessoas autistas são consideradas pessoas com deficiências(PCDs).

Sendo assim, para todos os efeitos legais, as determinações da Lei Brasileira de Inclusão se aplicam também aquelas no espectro e suas famílias. Garantindo mais inclusão social e cidadania a esse público.

Neste artigo explicamos mais sobre como funciona a LBI, as principais mudanças que ela promove e como ajuda pessoas autistas e suas famílias.
Criação da Lei Brasileira de Inclusão

A Lei Brasileira de Inclusão – Lei Nº 13.146, de 2015 – foi criada como uma forma de validar os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, documento assinado pelo Brasil na Convenção Internacional da ONU, em 2007.

Editada em julho de 2015, a legislação entrou em vigor somente em janeiro de 2016, após um período de 180 dias desde a sanção para que os estados e municípios tomassem conhecimento e se ajustassem para cumprir o que é estabelecido pela lei.
A LBI e a deficiência

Uma das mudanças propostas pela LBI teve como alvo o conceito jurídico do termo “deficiência”.

A partir da sanção da lei, a palavra deixou de designar uma condição estática e biológica da pessoa, e passou a ser abordada como o resultado da interação das barreiras impostas pelo meio com as limitações de natureza física, mental, intelectual e sensorial do indivíduo.

Essa adaptação é um dos primeiros passos dados pela Lei Brasileira de Inclusão no que diz respeito à criação de ferramentas que garantem os direitos das pessoas com deficiência e as defendam de exclusão, discriminação, preconceito e falta de acessibilidade.

De fato, os dispositivos da Lei altera normas anteriormente estabelecidas no:

Código Eleitoral,
Código de Defesa do Consumidor,
Estatuto das Cidades,
Código Civil,
Consolidação das Leis de Trabalho (CLT),
Entre outros.

Ele também traz algumas alterações à Lei Berenice Piana – Lei Nº 12.764, de 2012 – conhecida como a lei que defende os direitos das pessoas autistas.

A seguir, falamos mais algumas das mudanças trazidas por esta legislação.

LBI e inclusão escolar

Pessoas com deficiência – incluindo as autistas – passam a ter direito a um sistema educacional inclusivo em todos os níveis e modalidades. Ou seja, o modelo de aprendizado deve levar em consideração as características, interesses e necessidades de cada uma.

Também fica a cargo do Poder Público a função de instituir um projeto pedagógico que prevê atendimento educacional especializado, além de serviços e adaptações necessárias para atender o aluno PCD.

No que diz respeito às instituições de ensino privadas, essas são obrigadas a cumprir a LBI, respeitando a proibição quanto à cobrança de valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anuidades e matrículas.
Benefício assistencial

A lei também cria o benefício assistencial para a pessoa com deficiência moderada ou grave. Isto é, os familiares de pessoas com essas condições podem receber o chamado benefício de prestação continuada (BPC).

Além disso, a pessoa com deficiência tem o direito de ingressar no mercado de trabalho, realizando atividades que a enquadre como segurado obrigatório do regime geral de previdência social.

Penalização aos crimes de discriminação, abandono e exclusão

A Lei Brasileira de Inclusão ainda estabelece como crime a discriminação, abandono e exclusão de pessoas com deficiência, podendo gerar penas que variam de 6 meses a três anos de reclusão e multa.

Quando a conduta de induzir ou incitar discriminação contra pessoa com deficiência for realizada nas redes sociais, a pena de reclusão é de 2 a 5 anos e multa.

Além disso, o próprio atendimento prioritário, já assegurado anteriormente na Lei Berenice Piana, também está incluso nesta legislação. Após a LBI, outra importante legislação que protege os direitos das pessoas com autismo é a Lei Romeo Mion, de 2020. Continue lendo sobre os direitos dos autistas no nosso blog.

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte:Gabriela Bandeira/Internet

Inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho: saiba mais sobre o tema!

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel Pr Brazil)

As empresas estão preparadas para contratar ou garantir a permanência de profissionais transexuais em seu quadro de pessoas colaboradoras?

Para 88% das pessoas trans, não. Isso foi o que mostrou um relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

A mesma pesquisa mostrou que 20% das pessoas transexuais do Brasil estão fora do mercado de trabalho.

Segundo o artigo 23º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, “Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego”.

No entanto, como podemos ver, a realidade é outra. A inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho é um enorme desafio, já que ainda há pouco conhecimento e políticas efetivas para que isso se concretize.

Neste artigo, vamos entender esses desafios, assim como maneiras para contorná-los e, assim, ter uma equipe mais diversa.

Principais desafios na inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho

Ainda que diversidade e inclusão sejam um tema cada vez mais comum nas empresas, a realidade ainda se mostra longe do ideal quando o assunto é inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho.

Abaixo, evidenciamos alguns dos principais desafios que essas pessoas enfrentam ao buscarem um emprego formal.
Falta de informações nas empresas e pessoas recrutadoras

A falta de conhecimento é um fator extremamente preocupante quando o assunto é o preconceito.

Sendo assim, não buscar informações sobre o contexto e as vivências de pessoas trans e travestis se mostra um enorme desafio para a contratação desse público nas empresas.

Nesse sentido, pouco conhecimento sobre essa realidade pode levar a conclusões e ações que não necessariamente contribuirão para a inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho.

Poucas vagas destinadas a pessoas trans

Existem poucas vagas que são exclusivamente destinadas a pessoas trans. Os motivos para isso incluem o preconceito em si, mentalidade e cultura ultrapassadas que não vêem nas pessoas trans o potencial que têm, assim como a falta de preparação das empresas para lidarem com essa realidade. Não à toa, uma pesquisa feita pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no estado de São Paulo, identificou que somente 13,9% das mulheres trans e travestis tinham um emprego formal em 2020, enquanto 59,4% dos homens trans ocupavam esses tipos de cargos.

Segundo a Antra, em torno de 70% da população trans e travesti do Brasil não tiveram a oportunidade de concluir o Ensino Médio.

Os fatores que colaboram para isso são vários, sendo os principais deles o preconceito e a violência sofridos por essas pessoas nos ambientes de ensino.

Nesse sentido, vagas que pedem altos níveis de qualificação são verdadeiros desafios para as pessoas trans, que grande parte das vezes não conseguem atingir tais exigências.

Falta de políticas de diversidade

A tendência de adoção de políticas de diversidade nas empresas pode, em alguns casos, até existir. No entanto, nem sempre são suficientes.

Isso porque, mesmo que haja vagas destinadas para esse público, como mencionamos, a régua para admissão pode ser extremamente alta, o que prejudica a aprovação dessas pessoas.

Além disso, ainda que sejam contratadas, muitas vezes não há um processo de conscientização e educação na empresa.

Fatores como pronome de tratamento, nome social e banheiros voltados para pessoas cisgêneros ainda são grandes desafios para a real inclusão de pessoas trans e travestis.

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Como contornar os desafios da contratação de pessoas trans

Na contramão do preconceito e da exclusão social, existem algumas iniciativas que podem ser adotadas pelas empresas para garantir maior inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho, conforme podemos ver a seguir.

Maior conscientização e estudo sobre o tema

A maior empregabilidade de pessoas trans e travestis está ligada à diminuição do preconceito e essa, por sua vez, ao conhecimento sobre o tema.

Dessa forma, a inclusão depende de uma maior conscientização das equipes de Recrutamento e Seleção sobre como são as diferentes vivências das pessoas trans, a fim de entenderem sua realidade e implementarem políticas e processos seletivos mais adequados também ao nível de escolaridade.

Promoção de cursos de capacitação e incentivo ao desenvolvimento

Por falar em nível de escolaridade, como mencionamos, comumente a régua de aprovação de pessoas trans e travestis em empresas é muito alta, considerando-se a falta de oportunidades de estudos durante a vida. Por isso, para contornar esse desafio e incluir e recrutar cada vez mais pessoas trans nas empresas, é fundamental investir em cursos de capacitação.

Assim, é possível que não deixem de ser selecionadas nas empresas e, ao contrário disso, tenham a oportunidade de contratação e desenvolvimento dentro das próprias organizações.

Inserção em plataformas e programas de empregabilidade de pessoas trans

Existem plataformas como a Transempregos que são exclusivamente voltadas para a conexão entre empresas e pessoas trans e travestis, fomentando equipes mais diversas nas organizações. Com esse tipo de ferramenta, é possível ter acesso a currículos de pessoas trans, assim como a conteúdos exclusivos e educativos sobre o tema.

Pesquisar e investir nesse tipo de plataforma é uma maneira de ter ações ainda mais direcionadas para ter um quadro de pessoas colaboradoras mais diverso.
Preparação da empresa para receber pessoas trans e travestis

O primeiro passo para ter uma empresa mais diversa é a contratação de pessoas diversas, é claro.

Porém, conforme mencionado, é preciso também preparar o ambiente para recebê-las, no sentido de garantir que tenham uma boa experiência no ambiente de trabalho e que sejam respeitadas como qualquer outra pessoa colaboradora é.

Por isso, implementar rodas de conversa, palestras e até mesmo cursos explicando transexualidade, dentre seus conceitos e realidades, tendo como tema principal o respeito, pode ser o caminho certo para, mais do que diversa, sua empresa seja realmente inclusiva.

Mesmo que a passos lentos, o mercado está se desenvolvendo, mas precisa (o quanto antes) acelerar sua caminhada rumo à inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho. Ter essas pessoas na equipe pode contribuir e muito para o engajamento, a satisfação e a inovação dentro da organização.

Edição:CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: Qulture.Rocks/Internet

Inclusão produtiva: você já ouviu falar sobre isso?

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel Pr Brail)

A inclusão produtiva é um tema que tem sido bastante discutido dentro das organizações.

Ação de fundamental impacto social na sociedade, a inclusão produtiva tem como objetivo a geração de trabalho e renda de maneira estável e duradoura, visando populações em situação de pobreza e vulnerabilidade social.

Esse tema tem ganhado força no âmbito internacional e em diversas ações governamentais.

Isso porque entende-se que quanto mais se eleva o nível de renda por meio do trabalho, o nível de pobreza e exclusão social diminuem.

Ou seja, gerar emprego para pessoas em situação vulnerável ajuda a trazer dignidade e, além disso, tende a aumentar a produtividade de um país.

Para se ter uma ideia, o problema financeiro de famílias no Brasil aumentou muito nos últimos anos.

De acordo com dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda real média recebida por trabalhadores brasileiros caiu, sendo o menor rendimento calculado desde 2012. Para piorar a situação, mais de 13,4 milhões de brasileiros estão desempregados.

Outro estudo, também publicado pelo IBGE, apontou que quase 51 milhões de pessoas viviam abaixo da linha de pobreza em 2020.

Isso quer dizer que um a cada quatro brasileiros teve uma renda mensal de menos de R$450 no ano abordado.

O que é a inclusão social?
Como implementar a inclusão produtiva?

O que é a inclusão social?

Agora que entendemos um pouco o cenário do país, que tem uma boa parte da população sobrevivendo abaixo da linha da pobreza, é possível perceber a importância de discutir sobre a inclusão social.

Como vimos, a inclusão social consiste na oferta de emprego para a população em situação de pobreza ou de vulnerabilidade.

Porém, ela pode acontecer de diversas formas, e cada uma possui a sua dificuldade.

A principal delas e a mais conhecida internacionalmente continua sendo a oferta de empregos no mercado de trabalho, mas nada impede que outras formas também sejam discutidas, como o incentivo ao empreendedorismo individual e coletivo.

No entanto, há diversos desafios ao criar oportunidades para pessoas em situação de pobreza no mercado de trabalho, entre eles:

Falta de informações para a população de menor renda;
Discriminação de grupos sociais;
O baixo poder de barganha da população;
A falta de capacitação e experiência de jovens;
O avanço tecnológico, que tem eliminado diversas vagas;
As barreiras para a contratação.

Mas o que não falta é mão de obra: de mais de 13 milhões de pessoas buscando emprego, 7,2 milhões estão subocupados trabalhando menos horas que gostariam, sendo a maioria mulheres jovens e de baixa renda.

Como implementar a inclusão produtiva?

Instituições governamentais têm estudado a melhor maneira de conectar as pessoas que precisam e querem estar empregadas a empregadores que precisam de mão de obra.

Para isso, a ideia é proporcionar a capacitação profissional e criar programas públicos ou privados de inserção no mercado de trabalho.

Estudos comprovam que estimular o empreendedorismo e a atividade econômica entre esses grupos também são apostas que precisam ser avaliadas.

A Sebrae-SP oferece programações e soluções de inclusão produtiva, são eles:

Programa de Fortalecimento Local em Inclusão Produtiva (PFLIP)

Apoia o conceito de inclusão produtiva, bem como mapeia e identifica oportunidades locais e regionais, sempre destacando o papel da Assistência Social

Programa de Fortalecimento de Associações e Cooperativas de Materiais Recicláveis

Com público-alvo de grupos informais de catadores de materiais recicláveis, esse programa consiste na oferta de consultoria para implementação e fortalecimento do cooperativismo na reciclagem.

Programa Redes para Inclusão Produtiva

Tem como objetivo fortalecer Organizações da Sociedade Civil (OSC) que desenvolvem projetos para pessoas em uma situação de vulnerabilidade econômica e social.

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/programas/inclusao-produtiva