O lugar da mulher com deficiência é onde ela quiser!

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel – Pr – Brazil)

Graças ao movimento feminista a frase “O lugar da mulher é onde ela quiser” tornou-se quase um grito de liberdade dado pelo sexo feminino, mas como será que essa perspectiva é vista quando se trata de mulheres com deficiência?

O lugar da mulher com deficiência é onde ela quiser!

Mulheres com deficiência: colocadas à margem da sociedade desde sempre!

Especialistas costumam dizer que a partir dos três anos inicia-se um novo movimento na formação da personalidade infantil e que esse se estende até os seis anos aproximadamente.

A partir desse período a criança começa a desenvolver um sentimento de “pertencimento” a uma determinada comunidade e essa sensação contribui para que ela se sinta cada vez mais segura de si até atingir a fase adulta e ser capaz de responder por si mesma.

Agora, trazendo essa visão para a realidade de uma criança com deficiência que também é mulher, como será que as coisas se desenvolvem?

Não é segredo para ninguém que pessoas com deficiência precisam de cuidados mais específicos que as sem deficiência, porém, o problema todo está em como esses cuidados são realizados.

Talvez por culpa de uma cultura capacitista, muitos pais acabam tratando seus filhos que possuem alguma limitação como incapazes e passam a infantiliza-los mesmo quando eles são adultos; quais são as consequências disso?

Diria que a quebra daquele processo de construção de personalidade que falamos no começo do texto.

A criação com base na infantilização permeiam em consequências graves para a fase a adulta
Sentimentos de inferioridade, incapacidade de dizer não e a sensação de impotência diante de situações que machucam e incomodam são alguns dos gatilhos que muitas garotas com deficiência carregam para a fase adulta e, infelizmente, acabam forçando-se a caberem em lugares que não deveriam por sempre terem ouvido coisas como “agradeça por ter x ou y na sua vida”.

Sem dúvida nenhuma a maneira como somos criados é a grande responsável por boa parte dos nossos traumas e inseg
uranças e essa realidade se potencializa duas vezes mais quando possuímos alguma limitação.

Nossa deficiência não é limite para os nossos sonhos e nem combustível para que aceitemos permanecer em lugares que não nos cabem.

Se dizemos não quando alguém vem nos propor compromisso, ficam chocados porque acreditam que, por estar “nessas condições”, deveríamos levantar as mãos para o céu e agradecer por alguém ter nos visto.

Se entramos num relacionamento, automaticamente nosso(a) companheiro(a) é visto como uma pessoa de coração bom e longe de qualquer suspeita por simplesmente estar conosco — o que contribui muito para casos de violência doméstica — quando as coisas não são bem assim.

Se queremos ser mães, logo acreditam que todo o trabalho ficará nas costas do nosso (a) parceiro(a); se queremos morar sozinhas, viajar e viver por conta própria, logo perguntam como planejamos fazer isso se não conseguirmos nos virar sozinhas.

Se escolhemos estudar para ter uma profissão e nos sustentar, dizem ser perda de tempo porque o benefício está aí justamente para isso; se tomamos coragem e dizemos não diante de cenários que nos ferem e incomodam quando a pessoa que nos ajuda acha que aquela é a melhor decisão para nossas vidas, logo somos taxadas de ingratas porque ele(a) está apenas pensando no “melhor pra gente”.

Nossa vida é nossa, assim como as escolhas que tomamos e suas consequências.

A grande verdade é que a sociedade acostumou-se a colocar-nos à sua margem e a pior parte de perceber isso é reconhecer que, muitas vezes, nós aceitamos isso porque fomos criadas justamente para aceitarmos aquilo, pois, mesmo que inconscientemente, nossos pais ou responsáveis acabam limitando nossa personalidade com a ideia de estão apenas procurando proteger-nos.

Aposto que neste momento você, cara leitora, deve estar se perguntando: Mas será que não existe uma maneira de encontrarmos nosso lugar ao sol? E a resposta é: sim, há.

A chavinha começa a virar a partir do momento que começamos a desabrochar nossa consciência enquanto mulheres, ponto.

Nós estamos além da nossa deficiência, do que a sociedade ou nossa própria cabeça impõe. Não somos objetos, nossa existência não é fruto do acaso e muito menos devemos aceitar que terceirizem nossas vontades, sonhos e desejos.

Sabemos que não é fácil, mas precisamos tomar a frase “O lugar da mulher é onde ela quiser” e trazer para nossa realidade, porém, mesmo que seja difícil reconhecer que somos humanas antes de tudo, devemos dá um passo de cada vez, constantemente e sem desistir ou olhar para trás, pois, apenas assim seremos capazes de enfrentar as barreiras e os preconceitos da vida e dizer de cabeça erguida: O meu lugar é onde eu quiser estar!

A dica especial é o e-book digital Manual da Mulher com Deficiência.

Compartilhe esse texto, para que outras mulheres com deficiência saiba que o lugar dela é onde ela quiser!!!

Edição: CLEOdomira Soares dos Santos
Fontw: Territorio deficiente/Internet

Conteúdo Exclusivo Território Deficiente

Projeto Duda Nalini cria parques inclusivos

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel – Pr Brazil)

Crianças com e sem deficiência se divertem nos espaços projetados pela iniciativa, que também trabalha com conscientização coletiva

O direito de brincar é tão importante que consta até na Declaração Universal dos Direitos da Criança, redigida pela Unicef ainda em 1959.

Mas, na prática, não era bem o que Selma Nalini via acontecer com os seus filhos.

Enquanto as idas às praças e parques eram proveitosas para o João Lucas, para a irmã Maria Eduarda o negócio era assistir.

“Mãe, põe ela para brincar aqui comigo.”

Foi ouvindo o pedido de João que Selma decidiu repensar essa história e fazer de fato valer o direito que também era de sua filha.

Duda [falecida em 2020] nasceu com síndrome de Dandy-Walker, uma malformação cerebral que comprometeu seus movimentos, sua fala, sua visão.

Brinquedos convencionais não ofereciam condições para a pequena se divertir, mas e se houvesse um playground inclusivo?

Pois assim, em 2017, nasceu o Projeto Duda Nalini, que até os dias de hoje promove a instalação de gangorras, balanços, gira-giras e demais brinquedos adaptados para que crianças com deficiência também tenham o seu lugar nesses espaços. Afinal, “brincar é para todos”, como diz o slogan da iniciativa.

“A vida dessas crianças é muita terapia e internação. Eu sentia falta da diversão para elas”, disse Selma em entrevista ao portal G1.

“Brincar é a principal ocupação de uma criança. É pelo brincar que ela desenvolve habilidades sociais, cognitivas e comunicativas.”

Brincar é para todos

O objetivo do projeto é oferecer lazer e entretenimento para todas as crianças.

Para isso, Selma foi atrás de parcerias.

Tudo começou em um parque na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, onde a família mora. Com autorização da Prefeitura e doações de empresários, em pouco mais de um ano de projeto foram seis parques transformados.

E, recentemente, a iniciativa chegou a Minas Gerais, no Parque Ipanema, em Ipatinga.

Esses espaços ganharam brinquedos adaptados, rampas de acesso, piso pavimentado. Públicos, nesses locais a ideia é mesmo unir todo mundo, possibilitando que crianças com e sem deficiência interajam nos mesmos lugares.

“A primeira vez que eu coloquei a Maria Eduarda pra brincar, principalmente junto com o João Lucas, eu vi que ali eu consegui igualar o ser humano.

Os dois estavam juntos, brincando. Ali eles não tinham diferença alguma”, contou Selma ao canal Inspire Fundo.

Duda, a inspiração de tudo, foi uma das primeiras a estrear os parques acessíveis, que diariamente recebem muitas outras famílias – algumas até revelam que nem tinham conhecimento de que seus filhos pudessem aproveitar os brinquedos. Falecida em 2020, aos 12 anos, sua memória permanece em cada criança que tem a oportunidade de brincar por meio do projeto que leva seu nome.

Para completar, o projeto também promove palestras sobre a importância da acessibilidade, em eventos e escolas. Todos que participam – inclusive as crianças, pois a ideia é levar o tema a todos – recebem o selo da iniciativa e são promovidos a “amigo e guardião” do projeto e do seu propósito.

Edição: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: Luciana Faria-Escolheu o jornalismo para fazer da paixão por contar histórias sua profissão. Há mais de uma década no mercado editorial e poeta desde a infância, acredita que a palavra também pode transformar as pessoas e mudar o mundo!

Pacientes renais crônicos, pedem que o Estatuto da Pessoa com Deficiência reconheça-os como pessoas com deficiência

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel – Pr – Brazil)

A Lei 13196/2015, chamada Lei Brasileira de Inclusão, também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, garante benefícios a cidadãos que enfrentam inúmeras limitações no dia-a-dia como a dificuldade de inserção e permanência no mercado de trabalho, acesso digno a tratamentos de acordo com suas deficiências/limitações etc.

Querem estar garantidas pela mesma lei, as pessoas com doenças renais crônicas. Em março numa audiência pública realizada pela Comissão Senado do Futuro (CSF), entidades ligadas a pacientes renais apresentaram a manifestação de serem reconhecidos como pessoas com deficiência.

Entenda…

A Lei Brasileira de Inclusão / Estatuto da Pessoa com Deficiência, em seu Art. 2o considera a pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

A Lei 13146/2015 determina como critério para avaliar a deficiência, o modelo biopsicossocial que é um conceito amplo que visa estudar a causa ou o progresso de doenças utilizando-se de fatores biológicos sejam genéticos, bioquímicos, etc, fatores psicológicos como estado de humor, de personalidade, de comportamento, e fatores médicos, etc.

Em contramão a esse critério, a Federação das Associações de Renais e Transplantados do Brasil, acredita que o critério deva ser o patológico, ou seja, o de doença, que aí sim enquadra corretamente os pacientes renais.

Pois, a interpretação é estritamente subjetiva, o conceito de patológico segue alguns critérios pré-determinados, na qual configuram o estado vivencial da doença.

Critério esse utilizado na esfera cível, por exemplo, perícias principalmente nos pedidos de auxílio doença, licença para tratamento de saúde e no pedido de aposentadoria por invalidez.

João Adalberto Xavier, presidente da Federação das Associações de Renais e Transplantados do Brasil diz que é uma tragédia nacional a existência de milhares de pessoas ligadas a uma máquina, três vezes por semana, quatro horas por dia e mesmo assim, continuam sendo invisíveis para a sociedade brasileira.

No Brasil, 50 a cada cem mil pessoas têm Doença Renal Crônica (DRC). Nesse número, 150 mil dependem de terapia renal substitutiva, por exemplo, hemodiálise, sendo que 85% desse público é atendido exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Uma informação “curiosa” é que somente alguns pacientes em quimioterapia frequentam o hospital mais vezes que um paciente com hemodiálise.

O paciente renal crônico faz de três a seis sessões de hemodiálise por semana.

Esse tratamento faz com que precisem ficar afastados do trabalho durante várias horas por semana, ou seja, os pacientes com DRC enfrentam dificuldade de contratação na iniciativa privada.

Nos concursos públicos, normalmente são reprovados nos exames médicos para as vagas regulares, em razão das alterações encontradas, mas não são aceitos como pessoas com deficiência.

Essa informação é do médico Mário Ernesto Rodrigues, da Sociedade Brasileira de Nefrologia, que estava na audiência pública realizada pela Comissão Senado do Futuro (CSF) em 15 de março deste ano.

Ainda na mesma audiência sobre o assunto a representante do Sistema Nacional de Transplante do Ministério da Saúde, Patrícia Freire, disse que “a doença renal crônica espolia bastante o indivíduo, incapacita, fragiliza e causa um grande impacto na capacidade física dos doentes”.

Ela afirma considerar bem-vinda qualquer iniciativa que amplie os direitos dos doentes renais crônicos e dos transplantados.

O presidente da Comissão Senado do Futuro (CSF), senador Hélio José (Pros-DF), demonstrou intenção de elaborar um projeto de lei que consiga resolver a demanda apresentada pelos representantes da Federação das Associações de Renais e Transplantados do Brasil, Sociedade Brasileira de Nefrologia, Sistema Nacional de Transplante do Ministério da Saúde ouvidos em março de 2018.

Concluída a audiência, o próximo passo é a elaboração do texto atendendo as “mudanças” solicitadas com a maior brevidade possível

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: G1-Mão na roda/Internet