Aprenda a se comunicar com deficientes auditivos ou pessoas surdas

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel – Pr – Brazil)
Olá pessoal,

Vocês sabem como se comunicar corretamente com deficientes auditivos ou surdos?

Primeiramente, é importante saber que deficiência auditiva e surdez não são sinônimos.

A surdez é quando se nasce surdo, isto é, não se tem a capacidade de ouvir nenhum som.

Por consequência, surge uma série de dificuldades na aquisição da linguagem, bem como no desenvolvimento da comunicação.Já a deficiência auditiva é um déficit adquirido, ou seja, é quando se nasce com uma audição perfeita e que, devido a lesões ou doenças, a perde.

Bom, agora vamos às 5 dicas que preparamos para facilitar a sua comunicação com deficientes auditivos ou surdos:

1- Use expressões faciais correspondentes às ações

Uma pessoa com deficiência auditiva consegue compreender as emoções transmitidas nas mensagens, por meio de nossas expressões faciais e corporais.

Por isso, é importante fazer gestos, mímicas, acenar e até tocar na pessoa para chamar sua atenção.

2- Use frases curtas e simples
Isso porque a Língua dos Surdos é bem menos complexa que a Língua Portuguesa e não faz uso de conjunções.

Por isso, quanto mais objetiva a mensagem, mas fácil fica o entendimento.

Por exemplo: Se formos comparar a frase “eu prefiro amarelo ao vermelho” na Língua dos Surdos se torna “amarelo sim, vermelho não”. Portanto, evite rebuscar e elaborar demais as frases.

3- Converse de frente
Permita que a iluminação incida sobre o seu rosto. A percepção visual dos surdos é mais aguçada e eles conseguem captar a mensagem, seja pela leitura labial ou mesmo pela expressão facial.

4- Não altere o tom de voz
A fonoaudióloga Cristiane conta que um dos maiores erros é gritar com surdos.

“Além de o esforço ser em vão, já que ele não vai ouvir, o surdo pode entender que a pessoa está brava”, destaca. Quem grita transmite à pessoa surda uma sensação de agressividade, o que gera ansiedade e nervosismo.

5-Se for você quem não entende…
Se você não entender o que a pessoa surda está tentando dizer, não finja.

“Procure demonstrar que não entendeu e nunca faça de conta que conseguiu captar a mensagem.

Os surdos percebem na hora”, afirma a fonoaudióloga. Além disso, a pessoa surda pode evitar a comunicação quando não existe a reciprocidade do diálogo.

Com certeza, os surdos vão tentar te explicar de outra forma e quantas vezes for preciso!

Gostaram das dicas?

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: Minha Vida/Internet

‘Arte pra cego ver’: Camboriú recebe exposição de arte para deficientes visuais; entenda

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel – Pr -Brazil)

A exposição, aberta ao público, ocorrerá até o dia 19 de julho, das 13h às 18h30, na Câmara de Vereadores de Camboriú.

A Câmara dos Vereadores de Camboriú está promovendo uma exposição inovadora intitulada “Arte pra cego ver”.

A mostra, que teve início no dia 4 de julho, terça-feira, apresenta uma coleção de sete quadros em 3D com a temática “Lendas do Folclore Brasileiro”.

O objetivo é proporcionar uma experiência sensorial única, permitindo que pessoas com e sem deficiência visual possam sentir as linhas, texturas e relevos das obras.

A exposição, aberta ao público, ocorrerá até o dia 19 de julho, das 13h às 18h30, na Câmara de Vereadores de Camboriú. Para garantir a acessibilidade efetiva, o processo de criação das obras contou com a participação de pessoas cegas desde o início, a equipe realizou visitas à Associação dos Deficientes Visuais de Itajaí e Região (Advir) e envolveu crianças, adolescentes e adultos em protótipos e testes para avaliar a percepção tátil e sensorial do público-alvo.

Os quadros foram confeccionados pela artista Karin Buba, de Itajaí-SC, e representam lendas brasileiras das cinco regiões do país.

Além disso, escolas da rede municipal de ensino têm a oportunidade de agendar visitas à exposição, com o objetivo de estimular a vivência tátil e aumentar o respeito pelas pessoas com deficiência visual.

A exposição “Arte pra cego ver” foi criada em 2022 por meio de um projeto de pesquisa de acessibilidade nas artes visuais, aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura Municipal.

A iniciativa contou com o apoio da Advir e foi realizada pela ACM Produções.

Em entrevista ao Jornal Linha Popular, a produtora cultural Ana Clara Marques, responsável pela exposição, e a artista Karin Buba compartilharam mais detalhes sobre o projeto.

“Levei o questionamento para a Karin. “Karin como a sua arte pode chegar até as pessoas com deficiência visual? Como fazer quadros que os cegos compreendam com o toque?” Ela me respondeu eu não sei, mas a gente pode pesquisar juntas.”, comenta a produtora.

Quanto à parte da estruturação acadêmica do projeto, Ana Clara completa:

“Precisávamos descobrir como é o processo de percepção tátil da pessoa cega ou com baixa visão. Pesquisamos o que já havia sido feito sobre acessibilidade em artes visuais. O próximo passo foi testar as teorias que encontramos. Fomos até a ADVIR (associação dos deficientes visuais de Itajaí e região). Eles aceitaram receber a experimentação.”

Além disso, a produtora conta como foi feita a pesquisa:

“A Karin criou protótipos com vários elementos (formas, relevos, textura, cores fortes, distribuição espacial) Entrevistamos 3 grupos (crianças, adolescentes e adultos).

Com um questionário íamos anotando tudo o que eles falavam que estavam percebendo. Então entendemos como acontece o processo de leitura tátil.

Os principais elementos são o CONTORNO, a TEXTURA e o RELEVO.

Descobrimos que eles entendem por contexto, por exemplo, quando identificam uma animal marinho já dizem que o quadro é uma representação do mar.

Os adultos usam as memórias do tempo em que enxergavam para dar sentido ao quadro. A partir disso a Karin criou as obras.

Escolhemos o tema de lendas brasileiras para retratar histórias que misturam a realidade e a fantasia. E também porque a exposição poderia ajudar o estudo do folclore nas escolas.”

O Linha Popular também realizou conversou com a artista Karin Buba e as respostas você confere na entrevista abaixo, a última pergunta é de emocionar:

Como surgiu a ideia de criar uma exposição de arte voltada para pessoas com deficiência visual?

Karin: “Ana Clara e eu queríamos desenvolver algo diferente, inovador, que fosse acessível, foi aí que surgiu a ideia de fazer um projeto de pesquisa de acessibilidade nas artes visuais para pessoas com deficiência visual. O projeto começou em 2022, envolveu pesquisa bibliográfica, exploratória, a criação de protótipos, os quais foram submetidos à experimentação por deficientes visuais, e a exposição ARTE PRA CEGO VER é o resultado desse trabalho.”

Qual foi o processo criativo por trás da seleção das figuras para compor a exposição?

Karin: “Como artista, queria representar algo que envolvesse a cultura popular brasileira, e ao mesmo tempo, pudesse ser educativo, contextualizado por uma história, uma narrativa, que mexesse com o imaginário das pessoas, e não encontrei nada melhor que representar lendas do folclore brasileiro das cinco regiões do país, algumas mais conhecidas, outras nem tanto.”

Quais materiais e técnicas você utilizou para criar os quadros em alto relevo?

Karin: “Para dar sustentação nos quadros, foi utilizado tecido de algodão próprio para tela, aplicado sobre uma base de MDF. Já a criação dos elementos visuais, boa parte deles foi desenvolvido a partir de uma composição de papelão, isopor, massa de biscuit, tinta e verniz, além de outros recursos, como tecidos, cabelo sintético, folhas artificiais, cuidando ao máximo para não usar materiais que pudessem agredir a sensibilidade tátil.”

Como você espera que a exposição “Arte Pra Cego Ver” contribua para a visibilidade e inclusão das pessoas com deficiência visual na sociedade?

Karin: “A ideia dessa exposição é atrair público com e sem deficiência. As pessoas cegas ou com baixa visão descobrem um mundo novo. É lindo de ver o encantamento deles.

As pessoas que enxergam nos convidamos a tocar os quadros de olhos fechados ou usando uma venda para passarem pela experiência do que é viver sem os olhos.

Esperamos que isso desperte a empatia e respeito das pessoas que enxergam, em relação aos que não tem a visão.”

Quais são as principais mensagens ou narrativas que você busca transmitir por meio das obras expostas?

Karin: “Queremos mostrar que o deficiente visual não tem a visão, mas ele tem todos os demais sentidos juntos para auxiliá-lo a compreender o mundo.

Quando se tira a visão por alguns minutos, de uma pessoa que enxerga, ela não consegue usar os demais sentidos com a mesma potência que o deficiente visual. Queremos mostrar que todos têm potência e que é necessário dar condições para que os potenciais de todos se expressem.”

Como tem sido a resposta do público, especialmente das pessoas com deficiência visual, em relação à exposição?

Karin: “As pessoas cegas ou com baixa visão descobrem um mundo novo.

É lindo de ver o encantamento deles. Tocam os quadros com muita gentileza, para eles é algo precioso.”

Quais são seus planos futuros para expandir o alcance e o impacto da exposição “ARTE PRA CEGO VER”?

Karin: “Nossos planos são levar esta exposição para as escolas públicas de Itajaí, para entidade de autistas, centros de cultura. E depois para outras cidades em todo Brasil.”

Como o projeto impacta a vida de crianças?

Karin: “Vou te responder com a fala de uma criança que tem apenas 2% de visão. Ela disse “Eu gosto de arte. Eu também quero ser artista. Eu quero ter uma galeria pra mostrar muita arte!”

Ou seja, ela percebeu que ela tem direito a se expressar artisticamente e foi bastante ousada, já consegue se ver como artista bem sucedida que ajuda outras artistas.

Essa exposição abre um mundo de possibilidades para as crianças. E também discute valores humanos, como respeito, solidariedade, empatia.”

Visite a exposição

Não deixe passar essa oportunidade de ampliar seus horizontes e se sensibilizar para a importância da acessibilidade e da valorização das diferenças. A exposição “Arte pra cego ver” é uma porta de entrada para um mundo de arte e inclusão.

Venha e traga sua família, amigos e colegas! A exposição está aberta ao público na Câmara dos Vereadores de Camboriú, das 13h às 18h30, até o dia 19 de julho. Não perca essa chance de se surpreender e se emocionar com a arte acessível.

Edição: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: Jornal Linha Popular Camboriu/Internet

Lembre-se: a arte é para todos, independentemente de suas habilidades visuais. Abrace essa oportunidade única de ver e sentir a arte com as mãos.

LBI completa oito anos e IBGE divulga dados das pessoas com deficiência com base na PNAD

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel – Pr- Brazil)
Mesmo com direitos garantidos por Lei, novos dados mostram que as pessoas com deficiência têm menor acesso à educação, ao trabalho e à renda

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) completou oito anos no último dia 6 de julho de 2023.

Ela é a principal manifestação dos avanços na vida das pessoas com deficiência e foi criada para que não haja retrocessos.

Uma legislação sofisticada e completa, melhor que muitas garantias oferecidas em países desenvolvidos. Busca quebrar o paradigma da incapacidade, que durante muito tempo, foi associada às pessoas com deficiência.

Um dos grandes desafios da LBI é ampliar sua divulgação. Apesar de ser uma legislação muito bem elaborada e abrangente é desconhecida por muitos e ainda não foi totalmente regulamentada.

A LBI garante o protagonismo, a inclusão e a acessibilidade para pessoas com deficiência, para que tenham voz, que vivam de forma independente e exerçam seus direitos de cidadania e de participação social em todas as áreas: saúde, educação, trabalho, habitação, transporte e mobilidade, cultura, esporte, turismo e lazer, assistência e previdência social, ela garante o direito à vida.

Mesmo assim, ainda estamos distantes do cumprimento integral das previsões legais estabelecidas. Muitos direitos fundamentais previstos não foram concretizados e usufruídos de fato pelas pessoas com deficiência.

Isso ficou ainda mais claro e evidente com os dados divulgados na última sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022. Apesar de terem seus direitos garantidos pela LBI, as pessoas com deficiência têm menor acesso à educação, ao trabalho e à renda, segundo a PNAD.

O levantamento revelou que pessoas com deficiência enfrentam uma série de barreiras para ter acesso aos estudos e ao mercado de trabalho e quando conseguem emprego, recebem uma remuneração menor do que as pessoas sem deficiência.

Segundo a pesquisa, a população com deficiência no Brasil foi estimada em 18,6 milhões de pessoas de 2 anos ou mais, o que corresponde a 8,9% da população desta faixa etária. Número próximo ao divulgado em 2019 pela Pesquisa Nacional de Saúde, também do IBGE.

Números divulgados pela PNAD Contínua
Em 2022, 47,2% das pessoas com deficiência tinham 60 anos ou mais de idade. Entre as pessoas sem deficiência, apenas 12,5% nesse grupo etário.

No terceiro trimestre de 2022, a taxa de analfabetismo para as pessoas com deficiência foi de 19,5%, enquanto entre as pessoas sem deficiência essa taxa foi de 4,1%

Apenas 25,5% das pessoas com deficiência tinham concluído pelo menos o Ensino Médio, enquanto 57,3% das pessoas sem deficiência tinham esse nível de instrução.

A taxa de participação na força de trabalho das pessoas sem deficiência foi de 66,4%, enquanto entre as pessoas com deficiência essa taxa era de apenas 29,2%.

A desigualdade persiste mesmo entre as pessoas com nível superior: nesse caso, a taxa de participação foi de 54,7% para pessoas com deficiência e 84,2% para as sem deficiência.

O nível de ocupação das pessoas com deficiência foi de 26,6%, menos da metade do percentual encontrado para as pessoas sem deficiência, 60,7%.

Cerca de 55,5% das pessoas com deficiência que trabalhavam estavam na informalidade, enquanto para as pessoas ocupadas sem deficiência esse percentual foi de 38,7%.

O rendimento médio real habitualmente recebido pelas pessoas ocupadas com deficiência foi de R$1.860, enquanto o rendimento das pessoas ocupadas sem deficiência era de R$2.690.

‍PNAD e Censo IBGE são instrumentos diferentes
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) é uma metodologia implantada pelo IBGE desde 2012. Em 2022, foi a primeira vez que algumas perguntas sobre educação e mercado de trabalho da pessoa com deficiência foram aplicadas no país.

O recorte feito considera apenas as pessoas que responderam ter “grande dificuldade” e as que responderam “não conseguem de modo algum” realizar as atividades perguntadas.

É importante entender que a PNAD Contínua não é o resultado do Censo IBGE 2022.

No Censo, a amostra é maior e ainda não saíram os resultados sobre pessoas com deficiência, que, provavelmente, serão divulgados somente em 2024.

A PNAD visa acompanhar as flutuações trimestrais e a evolução de dados necessários para conhecer o desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Por que tanta desigualdade?
As pessoas com deficiência precisam ser vistas, precisam ser contabilizadas, inseridas, precisam ter seus direitos garantidos na sociedade como diz a LBI.

É certo que há uma exclusão estrutural e que precisamos de dados, que pesquisas são fundamentais para trazer mudanças, para preparar políticas públicas e mudar a situação enfrentada pela população com deficiência em nosso país.

Os resultados da PNAD vieram confirmar o que vivemos diariamente.

As pessoas com deficiência continuam enfrentando uma série de desafios no acesso à educação e ao mercado de trabalho e às outras áreas de direito.

O grande motivo por trás dessa desigualdade é o capacitismo, preconceito contra as pessoas com deficiência.

Mudanças na educação e no mercado de trabalho são primordiais para alterar a realidade. A inclusão precisa ser uma escolha de empresas que prezam pela diversidade em sua cultura.

A Talento Incluir trabalha com esse objetivo e leva informação para eliminar barreiras, preconceitos e criar oportunidades. Essa é a nossa motivação: Incluir para transformar!

Edição: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte Talento Incluir Acessibilidade/Internet

Lei de Cotas completa 32 anos e a Talento Incluir aponta os principais benefícios para a inclusão de pessoas com deficiência

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel – Pr – Brazil)

Longe de ser um privilégio, a Lei de Cotas, chega aos 32 anos (24/7/2023) como um instrumento essencial para aumentar a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e muitos desafios para seguir seu propósito.

Das 828.256 vagas de trabalho reservadas nas empresas para pessoas com deficiência, apenas 412.520 estão preenchidas de acordo com os dados disponíveis no site Radar SIT, do governo federal.

O déficit é de 415.736 de vagas que não estão ocupadas por pessoas com deficiência, mesmo com a Lei Federal de Cotas (n° 8.213), que completa 32 anos no próximo dia 24.

A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022, realizada pelo IBGE e recém divulgada, aponta que o Brasil contabiliza 18,6 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 8,9% da população brasileira a partir de dois anos de idade e mais de um milhão acima dos números apontados na pesquisa anterior (17,3 milhões).

A pesquisa trouxe ainda que as pessoas com deficiência enfrentam inúmeras barreiras para acesso à educação e trabalho.

O nível de ocupação foi de 26,6% , o que representa menos da metade das pessoas sem deficiência (60,7%). Além disso, a renda mensal das pessoas com deficiência é quase R$1.000,00 a menos que as pessoas sem deficiência.

A Lei de Cotas nº 8.213 prevê que empresas de 100 a 200 colaboradores precisam destinar 2% de suas vagas para pessoas com deficiência. Empresas de 201 a 500 são 3%, de 501 a 1.000 são 4% e acima de 1.000 colaboradores a cota vai para 5%. Ainda assim, mais da metade das empresas brasileiras que se enquadram na lei não cumpre o total de cotas exigidas. Ainda assim, de acordo com o Relatório Anual de Informações Sociais (RAIS) de 2021, apenas 49,8% das vagas reservadas para pessoas com deficiência estão preenchidas no Brasil.

“A Lei de Cotas não é um privilégio. É uma medida transitória de equidade para transformar uma realidade de desigualdade social.

Se tem pessoas com deficiência trabalhando hoje, no mercado formal, muito (ou quase tudo) se deve à Lei de Cotas. Portanto, é preciso enaltecê-la e defendê-la”, destaca Carolina Ignarra, CEO do Grupo Talento Incluir – ecossistema da diversidade e inclusão, pioneiro no Brasil, que já inseriu no mercado de trabalho aproximadamente 9 mil pessoas com deficiência. Diante dos 32 anos da existência da Lei de Cotas, Carolina Ignarra aponta os principais benefícios que a lei traz à inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho:

Aumento nas contratações de pessoas com deficiência – a partir de 2007, quando a fiscalização do cumprimento da reserva legal de vagas nas empresas pela Lei de Cotas tornou-se obrigatória em todas as unidades da federação, é que houve um salto de contratações (52,93% entre 2009 e 2017, segundo a RAIS);

Transforma realidades – colabora para transformar a realidade de exclusão e desequilíbrio social e, ao mesmo tempo, convence as pessoas com deficiência que suas deficiências não as definem e, muito menos as desvalorizam;

Valor às marcas – diversidade e inclusão geram valor para a marca.

O consumidor tem preferido consumir produtos e serviços de empresas que valorizam também a diversidade e tornam-se valores incorporados à cultura da empresa e à percepção da marca;

Atração dos melhores profissionais do mercado – organizações que entendem a importância da diversidade e inclusão tendem a respeitar as necessidades diferentes de seus profissionais e, com isso, acabam por atrair os melhores talentos que estão em busca não apenas dos melhores salários, mas também de empresas com segurança psicológica e socialmente responsáveis.

Melhora na comunicação – a verdadeira inclusão ocorre quando todos os colaboradores passam a ter espaço e são respeitados. Tal fato fica evidente quando há diferentes perfis trabalhando na empresa, sejam de diversas faixas etárias, etnias ou classes sociais. Paralelamente, ocorre uma comunicação mais clara e integrada, resultando em um trabalho mais produtivo.;

Mais inovação – a diversidade nas equipes amplia a capacidade de desenvolver inovações para as empresas. Além disso, melhora a convivência e permite a troca de aprendizado. Acessar vivências e opiniões diversas ajuda a ampliar a criatividade.

Mais acessibilidade – equipes diversas tornam as empresas mais atentas e preparadas para a acessibilidade em todas as suas dimensões: arquitetônica, atitudinal, comunicacional, digital, instrumental, metodológica, natural e programática.

Inclusão real na empresa – quando se fala de diversidade e inclusão nas empresas, logo se pensa nas minorias, que na verdade são grupos minorizados pela exclusão e nesse caso, pessoas com deficiência oprimidas pelo capacitismo estrutural.

Menos artifícios legais – à medida que aumenta a quantidade de profissionais com deficiência nas empresas, diminui a necessidade de utilizar artifícios legais para que as pessoas com deficiência tenham oportunidades justas de ocupar cargos e desempenhar funções nas corporações.

Humaniza as empresas – a inclusão é um processo que humaniza a empresa, e essa tem sido uma demanda explícita da sociedade, porque é necessária para manter contratos, clientes etc.

Vai além de evitar multas e busca melhorar cada vez mais a organização como empresa cidadã. Além de todos os benefícios, o trabalho também é o caminho mais rápido para eliminar o capacitismo.

“Nesses 32 anos, os desafios da Lei de Cotas continuam presentes.

É preciso comemorar as conquistas, porém jamais esmorecer no propósito de tornar a inclusão e a diversidade algo natural, que vai além das políticas afirmativas, e que resulta em benefícios mútuos.

Ela busca transformar aos poucos o conjunto de valores e crenças de todo o mercado de trabalho em prol de uma sociedade mais justa e equitativa para todos.

Por isso, contratar pessoas com deficiência é atuar para a diversidade; promovê-las é atuar para a inclusão”,

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: Talento Incluir/Internet

Mudanças e desafios que pessoas com deficiência trazem para instituições de ensino

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel – Pr – Brazil)

Avanço nas matrículas aponta para maior inclusão na educação, mas políticas institucionais e práticas pedagógicas precisam ser aprimoradas

ARTIGO ORIGINAL
Mudanças e desafios que pessoas com deficiência trazem para instituições de ensino
Revista Pesquisa Fapesp
Abril de 2023
Autoria: Christina Queiroz

ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL ESTUDAM NO INSTITUTO MUNICIPAL HELENA ANTIPOFF, QUE PROMOVE A INCLUSÃO DE CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA NA REDE PÚBLICA DE ENSINO

Divulgados em 2022, os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que pessoas com deficiência somavam 17,2 milhões em 2019, ou 8,4% da população do país.

Marcadas por disparidades de escolarização, elas enfrentam mais dificuldades para acessar o mercado de trabalho e dispõem de renda mais baixa, se comparadas com pessoas sem deficiência. Recentemente, no entanto, a situação começou a mudar, especialmente em relação ao acesso à educação básica e superior.

A mudança é reflexo da aprovação, em 2006, da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU (Organização das Nações Unidas) e da entrada em vigor, em 2015, da LBI (Lei Brasileira de Inclusão).

Além de estimular a abertura de novas frentes de pesquisa, esse movimento tem trazido desafios para instituições de ensino, que precisam repensar suas políticas e práticas pedagógicas, elaborando estratégias de acessibilidade adequadas aos diferentes tipos de deficiência.

Na educação superior, estudantes com deficiência foram os últimos contemplados por uma lei de cotas. A reserva de vagas para alunos com esse perfil em instituições federais se tornou obrigatória com a Lei nº 13.409, seis anos depois de promulgada a Lei nº 12.711, que a partir de 2012 estabeleceu reserva de vagas para estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas provenientes de escolas públicas (ver Pesquisa FAPESP nº 308).

As cotas para jovens com deficiência têm viabilizado a expansão de sua presença no ensino superior federal.

A quantidade de alunos com algum tipo de deficiência saltou de 31,2 mil, em 2014, para 55,8 mil, em 2018, um crescimento de 78,8 pontos percentuais, conforme o último levantamento da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), publicado em 2019.

Em valores absolutos, o número de estudantes cegos, por exemplo, mais que triplicou: eram 177 em 2014 e, em 2018, passaram a ser 616.

De acordo com a LBI e a Convenção da ONU, que foi incorporada à legislação brasileira por meio de duas emendas constitucionais, pessoas com deficiência “são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas”.

O jurista Emerson Damasceno, presidente da comissão de autismo da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), explica que, no país, as duas normativas são as principais fontes de diretrizes para o atendimento de pessoas com deficiência em sistemas de saúde e educação.

Além delas, o Estado brasileiro conta com legislação específica para cada deficiência, caso da Lei nº 14.127, que desde 2021 trata dos direitos de pessoas com visão monocular.

“Nossa legislação tem um viés moderno e inclusivo. Hoje, o grande desafio é conseguir efetivar esses direitos”, detalha o jurista. Segundo ele, alguns artigos da LBI aguardam regulamentação, o que tem dificultado sua aplicação. Caso do artigo 2°, que prevê a possibilidade de pessoas com deficiência serem avaliadas conforme o chamado modelo biopsicossocial.

“Esse modelo considera impedimentos em funções e estruturas do corpo, além de fatores socioambientais, pessoais e restrições na capacidade de participar da sociedade, para definir se uma pessoa tem deficiência e medir seu grau de comprometimento”, explica Damasceno.

De acordo com ele, a regulamentação desse artigo da LBI é fundamental, entre outros motivos, para orientar instituições em tópicos como o de reconhecimento de servidores com deficiência, reserva de vagas em concursos públicos e de cotas no ensino superior.

“O modelo biopsicossocial considera o laudo médico e também avalia o quanto a deficiência compromete a participação da pessoa na sociedade”, esclarece o jurista, que se tornou pessoa com deficiência física em 2014, depois de ser atropelado.

Como exemplo, o jurista cita o caso de uma aluna neurodivergente – termo que se refere a quem tem um desenvolvimento ou funcionamento neurológico diferente do padrão esperado pela sociedade – que pleiteava uma vaga de cotas em uma instituição mineira de ensino superior

. A comissão de avaliação considerou que sua neurodivergência era mínima e, por isso, ela não enfrentava barreiras que a colocassem em patamar de desigualdade com a ampla concorrência, de forma que a vaga foi concedida a outro candidato, com impedimentos mais complexos.

“Uma pessoa sem um dedo da mão pode sofrer preconceito, mas as barreiras para se integrar à sociedade são maiores para quem tem lesão medular”, compara, defendendo que a regulamentação da LBI é assunto de interesse de toda a sociedade brasileira.

Avanço da ciência baliza legislação
A conceituação da deficiência é um campo em disputa até os dias de hoje. Até meados do século XVIII, predominavam concepções pré-científicas, com um olhar majoritariamente supersticioso ou de caridade, envolvendo culpa ou castigo divino.

No século XIX, a ciência médica passou a compreendê-la como patologia.

“A ciência via a deficiência como um impedimento corporal, físico e social, situando-a no sujeito e fazendo com que políticas públicas focassem na busca pela reabilitação”, explica a psicóloga Marivete Gesser, coordenadora do Núcleo de Estudos da Deficiência da UFSC.

A partir da década de 1960, com os aportes das ciências humanas e sociais, emergiu outro modelo, que compreende que o principal problema enfrentado pelas pessoas com deficiência são as barreiras impostas pela sociedade.

“Essa vertente propiciou um salto à produção científica, ao tirar a deficiência de um enfoque individual e patológico e posicioná-la como algo que seria neutro, caso as barreiras sociais fossem suprimidas”, descreve Gesser.

Em artigo publicado em 2022, a antropóloga Anahí Guedes de Mello, também da UFSC, detalha que, na década de 1990, a crítica feminista e teorias de estudos do cuidado ajudaram a ampliar o alcance do modelo social da deficiência, o que, mais tarde, permitiu consolidar o modelo biopsicossocial.

Influenciado pelas demandas de movimentos de pessoas com deficiência, esse modelo surgiu como uma proposta da OMS e foi incorporado pela LBI em 2015. Uma das referências nesse debate é a filósofa Eva Feder Kittay, da Universidade Stony Brook, em Nova York, nos Estados Unidos, que desenvolve trabalhos pioneiros para discutir questões de cuidado e deficiência, especialmente cognitiva, no âmbito da filosofia. Kittay é mãe de uma mulher com deficiência cognitiva.

Diagnosticada com surdez na infância, Mello analisa, em seu texto, que a avaliação biopsicossocial da deficiência constitui um avanço por contemplar a interação entre a biologia e o contexto social e entre fatores individuais e ambientais.

Conforme a pesquisadora, os estudos culturais e, em especial, os estudos queer, abriram caminho para uma nova linha de reflexão, conhecida como teoria crip, traduzida para o português como teoria aleijada

. “A teoria aleijada questiona os processos de naturalização do corpo ‘capacitado’ e oferece um modelo cultural da deficiência, rejeitando a ideia de que não ter uma deficiência seja um estado natural de todo ser humano.

O capacitismo impede a consideração de que é possível andar sem ter pernas, ouvir com os olhos, enxergar com os ouvidos e pensar com cada centímetro de pele”, escreve a antropóloga.

O termo capacitismo foi cunhado entre os anos 1960 e 1970 e se disseminou no Brasil a partir de 2011, por meio do trabalho de pesquisadores como Mello.

Em investigação fundamentada nos estudos feministas sobre deficiência, a partir dessas novas vertentes de reflexão, a psicóloga Karla Garcia Luiz pesquisa, em seu doutorado na UFSC, a vida de mulheres com dependência de alta complexidade.

“Analiso a experiência dessas mulheres por meio do conceito de dependência complexa, que inclui cuidados fisiológicos, mas também outros, que permitem o acesso à cultura, ao trabalho e à educação.

O conceito de alta complexidade é ligado a um sentido mais amplo de manutenção da vida”, detalha Luiz, que nasceu com artrogripose congênita múltipla e sofre com contraturas articulares.

Mãe de uma bebê de 1 ano, um dos pontos da investigação científica da psicóloga envolve a forma como as mulheres com deficiência experimentam a sexualidade e acessam direitos reprodutivos.

“Ancorados na sociologia do trabalho, há muitos estudos sobre os cuidadores de pessoas com deficiência, mas poucos sobre as pessoas que, como eu, são cuidadas.

Nossa vida é uma eterna negociação com nossos cuidadores e familiares. Com a tese, procuro mostrar essas perspectivas invisibilizadas”, conta Luiz.

Pesquisador do movimento social da deficiência no Brasil, o enfermeiro Raul de Paiva Santos trabalha com uma área nova, envolvendo o fenômeno de pessoas com deficiência que viraram influenciadores e ativistas em redes sociais, especialmente durante a pandemia. Santos tornou-se pessoa com deficiência física na infância, passando anos em tratamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde).

Aluno da graduação na Universidade do Vale do Sapucaí entre 2009 e 2012, ele recorda que a instituição não tinha políticas afirmativas, naquela época.

“A universidade questionava se eu seria capaz de fazer os estágios e me formar. Também dizia que eu não deveria cuidar, mas, sim, ser cuidado”, relembra.

Depois de formado, ele percebeu que nunca tinha visto um profissional como ele, que utiliza muletas, trabalhando na enfermagem.

“Nessa época, comecei a enfrentar barreiras que, anos mais tarde, pesquisadoras da área de humanidades no Brasil denominaram capacitismo”, relembra.

“Quando, em 2019, ingressei no doutorado na USP, a única preocupação da universidade era garantir minha acessibilidade física ao campus. Eu tinha o telefone de um segurança que me levava e buscava dos lugares”, recorda.

“Por outro lado, conheci referenciais teóricos da antropologia e passei a assumir minha identidade com orgulho. As leituras na universidade ampliaram meus horizontes”, afirma o enfermeiro.

O aumento da presença de pessoas com deficiência na academia tem permitido avanços no conhecimento científico e propiciado mudanças institucionais.

Dados da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) indicam que matrículas de estudantes com deficiência em programas de mestrado e doutorado stricto sensu passaram de 998, em 2017 – primeiro ano em que foram coletadas informações sobre elas na pós-graduação –, para 2,8 mil, em 2021. Em relação a postos de docência, o Censo Escolar e o Censo da Educação Superior, de 2018, elaborados pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), mostram que 6,7 mil professores do ensino básico, ou 0,30% do total, e 1,6 mil do ensino superior, ou 0,43% do total, tinham algum tipo de deficiência, naquele ano. Ainda que tímida, essa presença tem desafiado instituições de ensino e pesquisa a criar políticas de acessibilidade e acolhimento.

Professora do IF Baiano (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano) desde 2017, a zootecnista Aline de Assis Lago desenvolvia pesquisa sobre melhoramento genético na criação de coelhos no campus de Santa Inês, cidade no interior da Bahia.

Por conta de imunidade baixa, depressão e ansiedade, frequentemente precisava se afastar do trabalho.

Quando a pandemia de Covid-19 atingiu o Brasil, em março de 2020, as atividades presenciais foram suspensas e Lago passou a trabalhar remotamente.

Para surpresa do psiquiatra com quem se tratava, ao se manter longe de interações, seu estado geral de saúde melhorou, na contramão do que era observado em outros pacientes.

“Meu psiquiatra se deu conta de que eu devia ter alguma neurodivergência, que não tinha sido detectada até então”, conta.

Depois de alguns meses de investigações, ela foi diagnosticada como autista, com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e altas habilidades, o que a levou a solicitar o reconhecimento como servidora com deficiência.

Mas o instituto não dispunha de normas que possibilitassem a efetivação de seu pedido e o consequente acesso a direitos como redução da carga horária sem prejuízo salarial e transferência para o campus de Salvador, para a realização de tratamento médico.

“Meu processo de autorreconhecimento como autista caminhou lado a lado com os esforços para pressionar a instituição a modificar suas políticas voltadas a alunos e servidores com deficiência”, conta Lago.

De acordo com ela, foram os estudantes que, em um primeiro momento, a acolheram.

“Quando souberam do meu diagnóstico, muitos se identificaram comigo e pediram ajuda”, conta a zootecnista.

Depois das primeiras tentativas negadas, em 2022 o instituto adaptou suas políticas e reconheceu Lago como pessoa com deficiência, autorizando sua transferência para o campus da capital baiana.

Lá, ela tem o apoio de psicólogo, psiquiatra, neurologista e fisioterapeuta, que tem lhe permitido “conhecer seu próprio funcionamento”.

“Fui a primeira autista com diagnóstico tardio no IF Baiano a solicitar reconhecimento como servidora com deficiência. Naquele momento, ninguém sabia como proceder”, recorda Lago, que hoje trabalha na Pró-reitoria de Pesquisa e é assistente da Coordenação Geral na Pós-graduação.

Os casos de Lago e de Alessandra Souza Silva, professora de atendimento educacional especializado no mesmo instituto e também diagnosticada tardiamente com transtorno do espectro autista, mobilizaram o IF Baiano a criar uma comissão de neurodiversidade e inclusão, que hoje tem o papel de identificar falhas e lacunas em suas políticas institucionais, propondo soluções. “Estamos tendo um alcance que não imaginávamos”, diz Lago, ao recordar que sua primeira palestra sobre o assunto, organizada em 2021 pelo Comitê Nacional de Saúde e Qualidade de Vida dos Institutos Federais, teve cerca de 500 participantes.

“Em instituições acadêmicas, as barreiras administrativas são as mais difíceis de transpor”, avalia o médico Sandro Luiz de Andrade Matas, criador do NAI-Unifesp (Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da Universidade Federal de São Paulo) em 2006.

Ele conta que até aquele ano a instituição não tinha políticas de inclusão e acessibilidade. O primeiro passo foi estabelecer um grupo multidisciplinar para elaborar um projeto de adaptação arquitetônica. “Desde 1978, quando ingressei na graduação da Unifesp, enfrentava barreiras físicas e dificuldades para me deslocar”, comenta o médico. Na infância ele teve paralisia e, em consequência de suas sequelas, precisa do auxílio de bengala ou muletas para se locomover.

“Hoje a Unifesp tem elevadores, rampas e piso tátil para deficientes visuais.

As dificuldades agora estão na elaboração de conteúdos programáticos e envolvem aulas acessíveis a estudantes com distintas deficiências”, diz.

Como exemplo, cita a ocasião em que a universidade precisava de um professor de Libras para uma classe da graduação com um aluno com deficiência auditiva, mas, conforme seu regimento, só poderia contratar docentes com doutorado.

“Há sete anos não contávamos com professores de Libras com doutorado no Brasil.

Foi necessário alterar o estatuto para poder contornar o empecilho”, recorda, ao mencionar que, atualmente, a instituição conta com sete docentes de Libras.

Na avaliação de Matas, a situação tende a melhorar nos próximos anos porque a universidade aprovou uma resolução que amplia o acolhimento de estudantes e docentes com distintas deficiências, por meio de investimentos em tecnologia assistiva, formação e acessibilidade pedagógica, comunicação e mobilização, serviços e infraestrutura.

Ainda este ano deve entrar em vigor um sistema de cotas para docentes com deficiência, aprovado na instituição em 2022.

Artigos científicos
GESSER, M. et al. Care for disabled people with complex dependency: A matter of justice. Revista de Estudos Feministas. v. 30, p. 1-14. 2022.MELLO, A. G. et al. Aleijar as antropologias a partir das mediações da deficiência. Horizontes Antropológicos. 28 (64), set-dez. 2022.

Edição: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: Nexojornal/Internet

Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.
Fonte nexojornal

Capacitismo: entenda o que é e como evitar o preconceito

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel – Pr – Brazil)
Lei prevê punição para quem discriminar alguém por sua deficiência

Capacitismo é a discriminação da pessoa com deficiência por considerá-la inferior ou incapaz para exercer determinadas atividades.

O problema é que muitas pessoas não percebem como esse preconceito está enraizado no dia a dia, seja com atitudes ou frases como “dar uma de João sem braço”.

As evidências do capacitismo estão na forma de abordar uma pessoa deficiente tratando-a de forma infantilizada, assexualizada ou que deva ser afastada do convívio comum dos demais cidadãos.

Embora o termo tenha se destacado fortemente a partir de 2021, o capacitismo começou a ser estudado no Brasil no começo dos anos 2000, dentro de universidades, com base em estudos provenientes dos Estados Unidos e Inglaterra.

Exemplos de frases capacitivas para evitar
“Você tá surdo?”
“Claro que eu vi. Não sou cego!”
“Fica dando uma de João sem braço”
“Que mancada!”
“Você é retardado?”
“Nossa, mas ele nem parece que tem deficiência”
“Mesmo sem braços e pernas ele/ela consegue fazer tudo isso”
“Você pode namorar mesmo assim?”
“Mesmo sendo deficiente, você é bonito.”

Discriminação contra deficientes é crime, saiba o que diz a Lei
De acordo com o artigo 88 da Lei 13.146/2015, “a pessoa que praticar, induzir ou incitar discriminação de pessoa em razão de sua deficiência estará sujeita a uma punição de prisão, podendo variar de 1 a 3 anos, além da multa”.

A penalização se agrava caso o crime seja cometido através de meios de comunicação social, redes sociais ou publicação de qualquer natureza. Nesses casos, a pena será aumentada de 2 a 5 anos, mais a multa.

Educação inclusiva é importante para evitar o capacitismo
A inclusão das pessoas com deficiência ainda deixa a desejar e merece atenção de toda a sociedade. Nesse contexto, há necessidade de profissionais qualificados para a educação inclusiva.

Para isso, existem especializações, como a de Educação Especial e Inclusiva, que capacita o educador para atender alunos com deficiência, para possibilitar o desempenho de suas competências.

Dentre as especializações voltadas para a educação inclusiva, destacam-se os seguintes cursos: Educação Inclusiva; Educação Física Adaptada; Educação Especial; Educação Especial com Ênfase em Deficiência Intelectual e Educação Especial com Ênfase em Deficiência Visual.

Edição :CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: Educa mais brasil/Internet

Segue para a Câmara projeto que obriga capacitação gratuita de pessoas com deficiência

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel – Pr – Brazil)

Pessoas com deficiência poderão ter reservadas vagas gratuitas em escolas de qualificação profissional públicas ou que recebam dinheiro público.

É o que prevê um projeto de lei (PLS 211/2017) do senador Romário (PL-RJ) aprovado pelo Senado, que seguiu para análise da Câmara dos Deputados.

Relatada na Comissão de Educação e Cultura (CE) pela senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO), a proposta visa capacitar estes brasileiros para o mercado de trabalho.

Transcrição
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA TERÃO VAGAS GRATUITAS EM CURSOS DE CAPACITAÇÃO PARA O MERCADO DE TRABALHO.

É O QUE PREVÊ UM PROJETO APROVADO PELO SENADO, QUE SEGUIU PARA ANÁLISE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS.

REPORTAGEM DE IARA FARIAS BORGES. De autoria do senador Romário, do PL do Rio de Janeiro, o projeto aprovado pelo Senado obriga a oferta de vagas gratuitas em cursos de capacitação para o mercado de trabalho para as pessoas com deficiência.

Segundo a proposta, os cursos devem ter carga horária mínima de 160 horas e incluir práticas de formação em ambiente de trabalho que atendam às particularidades dos alunos e garantam o desenvolvimento de competências básicas.

Ainda segundo o texto, as vagas gratuitas devem ser reservadas por instituições de educação profissional públicas bem como as privadas ou comunitárias que recebam dinheiro público.

O número de vagas reservadas para as pessoas com deficiência será proporcional à porcentagem desta parcela da população em idade economicamente ativa na região.

Relatora na Comissão de Educação e Cultura, a senadora Professora Dorinha Seabra, do União do Tocantins, destacou que o projeto vai diminuir a desigualdade estrutural na inserção desses brasileiros no mercado de trabalho.

“Trata da responsabilidade, nos cursos de formação profissional que recebam recursos públicos, de que exista um percentual de vagas garantidas a esta formação, para que eles tenham condição de exercer o seu trabalho de maneira digna, de acordo com as suas deficiências, mas capacitado e garantida a sua formação. Muitas empresas alegam ‘tem vaga, mas eu não tenho gente preparada ou qualificada de acordo com a deficiência’. Nós Queremos a vaga, mas queremos dar qualificação para que isso não seja uma desculpa para que não exista o espaço.” A proposta agora será analisada pela Câmara dos Deputados. Da Rádio Senado, Iara Farias Borges.

Ediçao: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: Rádio Senado Brasil/Internet

Pesquisa aponta que 8 em cada 10 pessoas com deficiência já sofreram preconceito durante seus deslocamentos  

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel – Pr – Brazil)
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva mostrou que 77% das pessoas com deficiência já vivenciaram situações de preconceitos durante seus deslocamentos.

A pesquisa tem como objetivo entender a experiência das pessoas com deficiência e sua relação com a mobilidade urbana.

Com o apoio do Uber, uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva mostrou que 77% das pessoas com deficiência já vivenciaram situações de preconceitos durante seus deslocamentos.

Além deste percentual, 86% dos entrevistados também afirmaram que temem ser vítimas de situações como ser furtado, assaltado, agredido fisicamente ou sofrer um acidente de trânsito durante suas viagens.

Os dados trazem um panorama sobre o perfil de deslocamento dessa população, em que 45% dos entrevistados que utilizam transporte público disseram ter algum tipo de restrição na região onde moram.

Ainda de acordo com o relatório, 79% dos entrevistados afirmaram que já chegaram atrasados ou até mesmo perderam algum tipo de compromisso devido à falta de acessibilidade, o equivalente a 13 milhões de pessoas aproximadamente.

A pesquisa foi realizada presencialmente com 800 portadores de deficiência visual, auditiva, motora, intelectual ou múltipla, moradores de 11 Regiões Metropolitanas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia e Brasília), com idades acima de 18 anos, entre os dias 28 de fevereiro e 17 de março de 2023. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

Pessoas com deficiência física
De acordo com a última Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), 10,3% da população adulta possuem algum tipo de deficiência. Isso equivale a cerca de 16,8 milhões de pessoas, de acordo com a projeção do IBGE para 2023. Dentre essas pessoas, 6,1% possuem algum tipo de deficiência motora, 4,2% visual, 2,3% múltipla, 1.4% auditiva e 1,4% intelectual ou mental.

Neste cenário, 67% das pessoas com deficiência (PCD) que responderam a entrevista disseram que se deslocam por razões relacionadas a atendimentos de saúde para si próprias, 36% por visitas a familiares e amigos e 34% para tratar de assuntos pessoais.

Entre a população de PCD, as formas de deslocamento mais populares são: andar a pé ou com cadeira de rodas (50%), carro particular (47%), seguidos de 43% que declaram utilizar transporte por aplicativo, de 34% que utilizam ônibus ou van municipal e, por fim, de 14% de que usam metrô.

Edição: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: Portal do Transito /Internet

Conclusão historia dos direitos da pessoa com deficiência

Gilson de Souza DANIEL (Cascavel – Pr – Brazil)

Conhecer a história dos direitos das pessoas com deficiência nos ajuda a compreender o porquê de muitas pessoas com deficiência ainda passarem por muitas dificuldades e desvantagens sociais.

Durante um longo período, a discriminação e a exclusão dessas pessoas era algo não só aceito pela sociedade, como também construído nas diversas formas organizacionais e estruturais da sociedade.

Isso porque até a chegada do modelo social da deficiência na segunda metade do século XX, as medidas e ações tomadas para integrar socialmente as PcD não eram voltadas para adequar e adaptar o ambiente às suas necessidades.

Sendo assim, é recente o reconhecimento dos direitos das pessoas com deficiência a partir do modelo social, fazendo com que esses direitos devam ser fortalecidos e implementados.

E não apenas isso, mas também que políticas e ações sejam feitas a fim de eliminar preconceitos e intolerâncias contra PcD, pois, os seres humanos são diferentes por natureza e, por isso, a inclusão social é tão importante.

E então, preparado (a) para entender sobre a história dos direitos das pessoas com deficiência? Segue com a gente!

Editor: Gilson de Souza DANIEL
Fonte: Internet

Autismo: preconceito está ligado à falta de informações

CLEOdomira Soares dos Santos (Cascavel – Pr – Brazil)
Terapias ajudam no convívio social, diz neurologista

A neurologista pediátrica e neurogeneticista brasileira Isabella Peixoto Barcelos, médica do Hospital Pediátrico da Filadélfia, mais antiga instituição de pediatria dos Estados Unidos, afirma que o preconceito sobre transtornos do espectro autista (TEA) está associado à falta de informações.

“Muito do preconceito que se tem hoje vem da falta de conhecimento que ainda existe sobre autismo.

As pessoas acham que a criança ou o adulto que tem diagnóstico de transtorno de espectro autista tem limitações que, na verdade, eles não têm.

E ignoram que eles têm muitas qualidades que não fazem ideia”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil.

Isabela destacou que, às vezes, é possível ter um estudante considerado gravíssimo que, muitas vezes, demonstra ser mais inteligente que os demais da sala de aula.

“Não existem todas essas limitações que se pensa a princípio, que a pessoa é incapacitada, não pode ter uma vida emocional, não pode trabalhar.

Pelo contrário. O objetivo é tornar essa pessoa o mais funcional possível, que ela se desenvolva o máximo, dentro da potencialidade que ela carrega”, disse.

Segundo a médica, esse desenvolvimento é possível com terapias adequadas. No entanto, adverte que, para chegar a esse nível de formação, terapeutas brasileiros precisam ter uma formação que inclua graduação, mestrado em terapia comportamental com, pelo menos, 1,5 mil horas práticas.

“A terapia certa muda a vida dessas crianças, levando-as a conviver em sociedade”, ponderou. Isabella Peixoto pretende criar um serviço estruturado de autismo, quando retornar ao país.
Comunicação aumentativa e alternativa

Alice Casimiro tem 24 anos e mora no Rio de Janeiro.

É autista nível 2 de suporte (moderado), TDAH e usuária de comunicação aumentativa.

Criadora da página Alice Neurodiversa, é ativista pela neurodiversidade e ‘copywriter’ (especialista em redação publicitária).

Ela diz que escrever na sua página permitiu que obtivesse alguma independência financeira.

A jovem faz ainda revisões de textos e, “uma vez ou outra”, procura emprego formal.

Embora seja uma pessoa mais calada, Alice Casimiro afirma ter opiniões próprias, desejos e vontades.

E usa comunicação aumentativa para complementar o que consegue expressar falando.

De acordo com as especialistas Maria Lúcia Sartoretto e Rita Bersh, autoras do site Assistiva, a comunicação aumentativa e alternativa valoriza a expressão do sujeito, a partir de outros canais de comunicação diferentes da fala, como gestos, sons, expressões faciais e corporais.

Eles podem ser utilizados e identificados socialmente para manifestar desejos, necessidades, opiniões, posicionamentos, tais como: sim, não, olá, tchau, banheiro, estou bem, sinto dor, quero (determinada coisa que se aponta), estou com fome e outros conteúdos de comunicação necessários no cotidiano.

Cultura
O Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB RJ), através do seu programa CCBB Educativo, promove aos domingos visitas acessíveis, mediante agendamento, para grupos de pessoas autistas e seus acompanhantes.
Os encontros ocorrem em horário exclusivo, uma hora antes da abertura da exposição ao público em geral, e reúnem, no máximo, dez pessoas. As visitas são realizadas a partir das 8h. O agendamento pode ser feito pelo telefone (21) 3808-2070 ou pelo ‘e-mail’ [email protected].

Edição: CLEOdomira Soares dos Santos
Fonte: Agência Brasil/Internet